O Eurostat destaca que os preços do pão e dos óleos alimentares tiveram subidas muito acentuadas devido à invasão da Ucrânia pela Rússia.
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O preço do pão estava, em agosto, 18% mais alto do que no mesmo mês de 2021 na União Europeia (UE), divulga esta segunda-feira o Eurostat, em consequência da ofensiva russa na Ucrânia, que perturbou os mercados globais.
De acordo com o serviço estatístico da UE, o aumento do preço do pão tem acelerado desde março, chegando a um pico de 18% em agosto, na UE.
Em Portugal, o preço do pão aumentou 15,0% entre agosto de 2021 e agosto de 2022.
Entre os Estados-membros, as maiores subidas no preço do pão, em agosto, registaram-se na Hungria (65,5%), Lituânia (33,3%), Estónia e Eslováquia (32,2% cada).
Por outro lado, França (8,2%), Países Baixos (9,6%) e Luxemburgo (10,2%).
O Eurostat destaca que os preços do pão e dos óleos alimentares tiveram subidas muito acentuadas devido à invasão da Ucrânia pela Rússia, dado que ambos os países são importantes exportadores de cereais, como o trigo e o milho, e ainda de fertilizantes.
Hélder Pires, da Associação de Comércio e Indústria de Panificação, não está surpreendido com a subida de 15 por cento no preço do pão em Portugal, e defende que o ideal seria que houvesse uma descida, mas, por agora, não se compromete com isso.
"O ideal era que houvesse tendência para abrandar, mas vamos estar sempre dependentes da evolução dos custos das matérias-primas e do preço da energia. Até há relativamente pouco tempo, chegou a haver a ideia de que estávamos a começar a assistir a uma estabilização, mas entretanto já houve indicadores que apontam em sentido diverso, que voltou a haver alguma turbulência nos preços, de forma que não é fácil de definir uma tendência futura", explica em declarações à TSF.
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Nesta altura, não há dados concretos sobre o impacto do aumento do preço nas vendas de pão, mas sente-se algumas mudanças nos hábitos dos consumidores.
"Não há dados objetivos que permitam identificar isso como uma tendência, há algumas reduções e o que se verifica, e isso aí é notório em algumas zonas, é que há essa tal alteração da forma de comprar", afirma, exemplificando: "Enquanto antes se compravam 20 unidades que dariam para a semana, agora compra-se dez e mais tarde compra-se outros dez."
Sobre as medidas de apoio às empresas, Hélder Pires admite que podem ser alguma ajuda, mas há vários fatores a ter em conta.
"Num contexto instável como aquele que atravessamos, as medidas de apoio do Governo podem ajudar, mas se os outros fatores que intervêm nesta temática tiverem comportamentos diversos, certamente que os resultados terão que ser ajustados a essa diversidade", refere, sublinhando "a questão dos custos de matérias-primas e da energia, bem como o racionamento em algumas matérias-primas".
* Notícia atualizada às 12h48