Preço do pão sobe em 2023 e CGTP defende valorização dos salários para aumentar poder de compra
Associação dos Industriais da Panificação explica as razões para o aumento do preço do pão no próximo ano.
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A CGTP defende uma alteração de rumo no país, com uma valorização dos salários e das pensões. Só dessa forma os trabalhadores vão poder ter mais poder de compra. Ouvida no Fórum TSF, a secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, defende que o Governo arrecada os impostos de quem menos tem e não vai aos lucros das grandes empresas.
"O Governo não só errou as projeções - e vamos ter uma inflação muito superior àquela que estava prevista - e não há qualquer medida de redução de custos. Mas há o outro lado de aumento enormíssimo dos lucros dos grandes grupos económicos e das grandes empresas, que todos os dias aumenta. Ouvimos a publicação e divulgação dos lucros que estes grandes grupos económicos e financeiros têm tido ao longo do ano e vão sempre aumentando ainda mais os milhares de milhões de euros de lucro", explicou à TSF Isabel Camarinha.
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O pão será um dos produtos a aumentar de preço no próximo ano. A Associação dos Industriais da Panificação avisa já. Hélder Pires, presidente do conselho fiscal, esclarece à TSF que há razões para este aumento.
"Deve-se aos aumentos dos produtos que continuam a verificar-se por força da inflação que estamos a atravessar e a sentir, aos aumentos que se vão verificar ao nível do salário dos trabalhadores. O aumento deste ano deveu-se ao aumento do preço dos cereais e energia. Entretanto começou a surgir o fenómeno da inflação, que está a ter consequências com as quais não se contava", esclareceu Hélder Pires.
Uma inflação que, em novembro, até desceu duas décimas, fixando-se nos 9,9%. E Hélder Pires explica que, no caso da panificação, a inflação é muito maior.
"A inflação específica do setor é muito superior a isso. Há diferenças entre a pastelaria e a panificação, mas em termos médios estamos a falar de cerca de 30%/35%. Até agora foi por força dos aumentos dos cereais, da energia e de outras matérias-primas como foi o caso, por exemplo, do açúcar, das gorduras e soma-se também a questão do salário mínimo porque é um custo de referência nestes dois setores e, obviamente, irá ter impacto. No turismo houve melhorias, mas tem zonas muito localizadas no país. Estamos a falar do interior, de zonas onde o turismo não chega ou chega em muito menor quantidade. Nessas zonas não se sentem os benefícios do grande aumento do turismo", acrescentou o presidente do conselho fiscal da Associação dos Industriais da Panificação.
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Apesar de não avançar números, a associação estima que as encomendas para a época do Natal vão estar abaixo das realizadas no ano passado.
Em outubro, no âmbito do acordo de médio prazo de melhoria de rendimentos, o Governo avançou com uma proposta para aumentar o salário mínimo dos atuais 705 euros para 760 euros em janeiro de 2023.
O executivo propõe que o salário mínimo evolua para 760 euros em 2023, para 810 euros em 2024, para 855 euros em 2025 e para 900 euros em 2026.
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