Preços "de turistas" obrigam docentes colocados no Algarve a dormir em tendas
Há casos em que os docentes estão a desistir das colocações porque não têm opção de alojamento. Além do Algarve, o problema é transversal a outras regiões, como Lisboa. Fenprof pede intervenção das autarquias.
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Há professores a viver em parques de campismo enquanto esperam por casas, na região do Algarve. A informação foi avançada pelo Diário de Notícias , que explica que os docentes, colocados no sul do país, têm de se apresentar nas escolas a 2 de setembro.
A época alta continua até meados de setembro, pelo que os professores deslocados que vão à procura de casa para alugar, só encontram preços elevados, "de turista".
Sem alternativas, professores têm de ficar alojados em pensões e hostels ou até mesmo em tendas em parques de campismo.
Em último caso, a falta de alternativas começa a levar alguns professores colocados nas escolas algarvias a desistir das vagas - uma vez que não têm condições para levar os filhos menores consigo.
Em declarações à TSF, Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), sublinha que o problema não é novo.
"Quando chega a época do aluguer para o turismo, as pessoas têm de procurar outro alojamento", disse. "Por vezes têm de ficar no campismo, em tendas, contentores e rulotes. Isto já acontece há muitos anos", acrescenta
O líder da Fenprof pede a intervenção das autarquias. "Temos falado muitas vezes sobre isso, nomeadamente com os municípios. Parece-nos uma obrigação deles garantirem o alojamento digno e a custos controlados para os professores", defende.
O DN aponta o caso de Susana Ferreira, educadora de infância, de 42 anos, natural de Braga que este ano, foi colocada numa escola em Loulé.
Só conseguiu alugar casa no Algarve a partir da segunda quinzena de setembro, pelo que, até lá, pondera ficar a dormir numa tenda num parque de campismo.
Os professores falam em casos de quartos alugados por 300 euros em que os inquilinos tem de dormir em beliches, partilhados com outras três pessoas. Os docentes não recebem qualquer subsídio de deslocação ou alojamento.
O problema registado no Algarve é transversal a outras regiões do país, em particular, a Lisboa. A capital continua a ser uma das cidades da Europa onde a disparidade entre o rendimento disponível e os valores das rendas mais aumenta de ano para ano.
Segundo um relatório divulgado este ano pelo Deutsche Bank, um T2 alugado que custava 645 euros em 2014, chega agora aos 917 euros, problema está a levar à dificuldade de contratar docentes em algumas zonas.