Com a crise da inflação, está a aumentar o interesse pelos artigos em segunda mão. É o caso, por exemplo, da Kid to Kid, dirigido para as crianças dos zero aos doze anos.
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Susana foi às gavetas e armários dos filhos, fazer uma "triagem". Trouxe calções, casacos, agasalhos, "roupinha boa para esta altura do ano". Enquanto espera na caixa, pela avaliação da roupa usada, conta à TSF que não é a primeira vez que vem vender roupa dos filhos na Kid to Kid. Os artigos têm de estar em bom estado, lavados e sem manchas. São avaliados pela equipa que introduz as referências num programa informático, a partir do qual se determina o valor a pagar pela roupa. Susana escolhe receber o pagamento em numerário, mas existe também a possibilidade do cliente ficar com um crédito para gastar na loja.
Nos últimos meses, a responsável pela loja na Expo da Kid to Kid, Rita Madaleno, tem notado "mais gente a chegar para vender, mas também para comprar" e são clientes que revelam uma "atitude diferente" em comparação com outros anos: "mais receptivas a fazer a venda. Antigamente, tínhamos pessoas que não estavam para esperar. Não tinham tanta paciência e hoje em dia, estão mais conscientes que isto é uma boa opção e acabam por ficar para completar as vendas".
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Com a crise da inflação, está a aumentar o interesse pelas compras e vendas de artigos em segunda mão. "Temos um aumento da procura, sobretudo da parte de quem vem vender", confirma Paulo Frias Costa, o responsável da Kid to Kid em Portugal. No entanto, esse "crescimento de vendas de 6 a 8% é um crescimento normal dentro do conceito. Não é uma coisa explosiva", afirma o dirigente, que afasta uma ligação directa à crise energética.
Ainda assim, Paulo Frias Costa realça que os artigos em segunda mão são uma "alternativa muito interessante" em tempos de subida da inflação, porque ao contrário dos produtos novos, "os preços dos usados são mais ou menos constantes", ou seja, não existe um impacto directo no aumento dos preços.
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Rita Madaleno identifica três tipos de clientes: "algumas pessoas que vêm vender porque precisam do dinheiro, aproveitando os artigos que têm em casa e já não utilizam. Depois, uma população mais jovem, um público que talvez relacionado com a crise, vem vender para ganhar algum dinheiro, mas também porque precisa de desocupar a casa" e o terceiro tipo constituído por "pessoas que não necessitam de vender, mas sentem que estão a fazer uma acção de solidariedade, porque estão a possibilitar" o uso de artigos a preços baixos.
Em média, a loja da na Expo da Kid to Kid compra e vende 400 artigos por dia, mas tem mais de 50 mil no catálogo. "Temos clientes que vêm cá quase todos os dias", conta Rita. "Vivem ou trabalham perto e passam por aqui só para ver se há alguma coisa nova. Gostam de vir procurar as oportunidades."
No fundo da loja, Jéssica é uma das clientes interessadas nos sapatos para as crianças de 2 anos. É a segunda vez que vem à loja, à procura de sapatos para a filha "levar para a festa de Natal". Sendo um produto que não usará muitas vezes e também porque "as crianças crescem depressa e a roupa deixa de servir", Jéssica garante que "compensa" comprar em segunda mão. Os artigos são bem "mais baratos do que o original", uma oportunidade ainda mais preciosa em tempo de crise.
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