"Prefiro que não existam jornais do que um país em que os jornais são todos do Estado"
A crise na Global Media Group esteve em debate no programa O Princípio da Incerteza, depois da greve de 24h dos trabalhadores do grupo, na passada quarta-feira, para exigir o pagamento do salário de dezembro e do subsídio de Natal.
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A crise na Global Media Group (GMG) esteve em debate no programa O Princípio da Incerteza, da CNN Portugal e da TSF. Os comentadores Alexandra Leitão, José Pacheco Pereira e António Lobo Xavier admitiram ser contra uma nacionalização das marcas do grupo e pedem soluções transversais.
“Financiamento público não quer necessariamente dizer titulariedade e controlo público”, começou por dizer Alexandra Leitão.
Para a antiga ministra e deputada socialista, a solução para o problema da GMG não é clara, mas o que está a acontecer no grupo pode, no futuro, servir para implementar medidas como “apoiar os cidadãos que subscrevam os jornais”.
“A assinatura de um jornal pode ser dedutível no imposto”, propõe.
Também o historiador e antigo dirigente do PSD Pacheco Pereira defendeu que a nacionalização do Jornal de Notícias, Diário de Notícias, TSF ou O Jogo não é a solução. “Eu gostava de saber quem é que manda naquilo. Acho que temos direito. Acho que aí há um falhanço qualquer do funcionamento do nosso Estado”, disse.
"Podem dizer que é um fundo e tal, mas essas coisas de fundos anónimos são muito complicadas. Quem escolheu o fundo foi a administração e o Presidente do Conselho de Administração, portanto, têm responsabilidade direta no que está a acontecer. Eu quero saber quem manda”, acrescentou.
No programa O Princípio da Incerteza, Lobo Xavier assumiu ser “absolutamente contra a ideia absurda da nacionalização” e, tal como Alexandra Leitão, disse ser a “favor de medidas transversais” para salvar a GMG.
"Eu prefiro que não existam jornais do que um país em que os jornais são todos do Estado”, concluiu.
Em 21 de setembro, o World Opportunity Fund (WOF) adquiriu uma participação de 51% na empresa Páginas Civilizadas, proprietária direta da Global Media, ficando com 25,628% de participação social e dos direitos de voto na Global Media.
Os trabalhadores da Global Media estiveram na quarta-feira passada em greve para exigir o pagamento do salário de dezembro e do subsídio de Natal e após a Comissão Executiva do GMG, liderada por José Paulo Fafe, ter anunciado que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar "a mais do que previsível falência do grupo".