"Prejuízo total." Indústria do azeite vive situação "dramática" após queda de granizo
O presidente da Associação de Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro admite, em declarações à TSF, o aumento generalizado do preço do azeite, numa altura em que os produtores "não vão ter qualquer rentabilidade com o olival".
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Quadro dias após a queda de granizo ter danificado várias culturas em Trás-os-Montes, os produtores de azeite tentam salvar o pouco que sobrou: "Este era um ano já de baixa produção e, nas localidades onde caiu este granizo no passado sábado, foi o prejuízo total."
Quem o diz é o presidente da Associação de Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro, Francisco Pavão, em declarações à TSF, que sublinha que aquilo que restou nas árvores depois deste fenómeno "ficou bastante picado".
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As contas dos prejuízos ainda estão a ser feitas, mas Francisco Pavão fala num ano perdido.
"Os agricultores estão neste momento a fazer tratamentos à base de cálcio para poder proteger o fruto, mas os poucos frutos que ficaram na árvore não vão ser economicamente viáveis. Será um ano desastroso para estas localidades que, infelizmente, foram afetadas pelo granizo, quer no concelho de Macedo de Cavaleiros, Mirandela e Valpaços", lamenta.
Precisamente em Valpaços, a indústria do azeite tem um peso significativo na economia, pelo que o dirigente da associação descreve a situação vivida pelos agricultores como "dramática", que, inevitavelmente, terá efeitos imediatos no preço do azeite.
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"É esperada uma subida do preço do azeite no país, não só na região de Valpaços, mas no país é esperada uma subida de preços, devido à quebra de produção que há neste momento em toda a bacia do Mediterrâneo", sublinha, insistindo na ideia de que esta região não será a única afetada.
"Não só em Trás-os-Montes, mas no Alentejo e no resto dos países - também a Espanha. Infelizmente, os agricultores que viram as explorações afetadas não vão colher qualquer azeitona e isso é uma situação dramática para eles", defende.
Francisco Pavão não esconde a preocupação e confessa que "as consequências são graves", ao mesmo tempo que alerta para uma subida dos preços "praticamente incomportável" pelos agricultores.
"As pessoas este ano não vão ter qualquer rentabilidade com o olival. Este ano foi um ano em que subiram grandemente os fatores de produção, sobretudo o gasóleo, que está a preços praticamente incomportáveis por parte dos agricultores, portanto, este ano, a viabilidade económica das explorações está em causa", conta.
No sábado, trovoadas e queda de granizo destruíram zonas de vinha em Valpaços. A região estava sob aviso laranja, mas as previsões do IPMA foram superadas e o concelho foi surpreendido com um dia de inverno no verão.