Reagindo à OPA em preparação pelo grupo Angeles, Correia de Campos reconheceu que era difícil manter uma «situação de incerteza» na Espírito Santo Saúde, com 49 por cento disperso em bolsa e 41 por cento num grupo em dissolução.
O ex-ministro Correia de Campos entende que ainda é prematuro dizer se a eventual compra da Espírito Santo Saúde por parte do grupo Angeles, que pretende adquirir a empresa portuguesa através de uma OPA, será num bom negócio para Portugal.
«Se essa situação traz estabilidade à empresa isso é bom para os portugueses. Agora não me parece que seja possível desde já dizer se os resultados vão ser bons ou maus», acrescentou este antigo titular da pasta da Saúde.
Em declarações à TSF, Correia de Campos recordou que não se sabe ainda quais são as pretensões do grupo mexicano, muito embora concorde que seria difícil manter uma «situação de incerteza» na Espírito Santo Saúde, com 49 por cento disperso em bolsa e 41 por cento num grupo em dissolução.
Este antigo titular da pasta da Saúde assinalou ainda que o regulador da Saúde terá de estar atento porque, a concretizar-se este negócio, o grupo Angeles assumirá uma «responsabilidade pública muito grande» em vários hospitais portugueses, como no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures.
«Não se trata de comprar uma empresa em bolsa apenas. Trata-se de comprar uma empresa que tem instituições de saúde privadas de boa qualidade e lucrativas, mas tem sobretudo uma grande responsabilidade pública», notou.
Já Marta Themido, da Associação dos Administradores Hospitalares, questionou-se sobre como este grupo atua em particular em termos de prestação direta de cuidados e se se vai adaptar ao mercado português.
Apesar destas dúvidas, esta responsável recordou que entidades como a Direção-geral de Saúde e a Entidade Reguladora da Saúde terão de estar atentas à qualidade oferecida por esta empresa que não é portuguesa.
«Mas, à partida, não vejo nenhum motivo para haver uma reação discriminatória. Ao contrário, penso que é um sinal dos tempos», acrescentou, em declarações à TSF.
Ouvido pela agência Lusa, Jorge Roque da Silva, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, diz que a classe está tranquila face a esta OPA e que tudo estará bem desde que o grupo cumpra as regras do SNS.