"Preocupado com o futuro." Sindicato da PSP critica falta de flexibilidade do ministro da tutela
Sindicalistas consideram que não existem "perspetivas deste Governo para dar respostas cabais às insuficiências e constrangimentos" com que os agentes se deparam no quotidiano.
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O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP), Paulo Santos, saiu "desiludido e preocupado com o futuro" da reunião desta quarta-feira com o ministro da Administração Interna por o governante não ter demonstrado "qualquer flexibilidade".
O sindicalista disse ter sido entregue na segunda-feira uma contraproposta à apresentada pelo Governo quanto às tabelas salariais, mas as reivindicações não foram atendidas por José Luís Carneiro.
"O senhor ministro o que nos disse foi que não há nada para acrescentar. Aquilo que vai acontecer em 2023 foi o que foi entregue aos sindicatos", lamentou Paulo Santos, em declarações à agência Lusa.
Segundo o dirigente sindical, o que foi apresentado foi o proposto "na fase inicial", censurando José Luís Carneiro por não ter demonstrado "qualquer flexibilidade, nem tão pouco aceitar uma ou outra proposta do que foi entregue pelos sindicatos".
Paulo Santos considera não existirem "perspetivas deste Governo para dar respostas cabais às insuficiências e constrangimentos" com que os agentes se deparam no quotidiano.
"Nada mais há a acrescentar relativamente ao Governo anterior. Agora, parece-me que diariamente estão a agudizar-se os problemas na PSP", enfatizou o sindicalista, que criticou a falta de disponibilidade política "para resolver as questões concretas da segurança interna, especificamente da PSP".
O presidente da ASPP manifestou-se preocupado com "a continuidade dos problemas" e as consequências para os agentes e a população.
Paulo Santos acrescentou não ter ido a uma reunião, mas sim a um encontro, e ter ficado convencido ter-se tratado apenas do "cumprimento formal de uma suposta negociação".
"Não foi nada acrescentado. Esta reunião foi apenas para cumprir calendário", considerou o presidente do maior sindicato da PSP.
Por ter sido adiantado pelo ministro da tutela que não se vai realizar mais nenhuma reunião e que "o processo está fechado", Paulo Santos apela aos agentes da PSP para que se mobilizem para a manifestação agendada para Lisboa, onde vão chamar a atenção, além das questões salariais, para aspetos como o envelhecimento do efetivo, pré-aposentação, higiene e saúde e trabalho suplementar.
"Aquilo que temos para dizer é que apelamos aos polícias para que, no dia 24 de novembro, compareçam na nossa manifestação e demonstrem a sua Insatisfação com este tipo de comportamento por parte do Governo", acentuou o dirigente sindical.
O responsável alerta para a "falta de atratividade e falta de candidatos à PSP para preencher os cursos", mas também para "o incumprimento" relativo ao trabalho suplementar sem qualquer compensação, muitas vezes sem qualquer necessidade e fruto da falta de efetivos", assim como para as "fracas condições de trabalho" e "um conjunto" de problemas que se mantêm há anos.
Segundo a proposta do MAI, haverá um aumento salarial na base da carreira dos agentes da PSP e guardas da GNR na ordem dos 100 euros, que varia entre os 90 e os 107 euros, e depois a partir daí em todos os níveis remuneratórios haverá um aumento médio de 50 euros até aos 2.700 de remuneração. Acima dos 2.700 euros há um aumento de 2%, o que significa variações entre os 60 e 100 euros.
O Ministro da Administração Interna garantiu, num comunicado divulgado após a reunião anterior, no âmbito do Orçamento do Estado, que os polícias vão ter "ganhos reais em todos os escalões e níveis remuneratórios, mesmo depois dos descontos para o IRS".