Presença militar portuguesa na República Centro-Africana "muito elogiada" pela ONU
João Gomes Cravinho reuniu-se com os subsecretários-gerais para as Operações de Paz, Jean-Pierre Lacroix, e para os Assuntos Políticos e Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo. O ministro dos Negócios Estrangeiros refere que Lacroix enalteceu o trabalho e o contributo dos portugueses na República Centro-Africana.
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O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou na terça-feira que a presença portuguesa na República Centro-Africana (RCA), através da Força de Reação Rápida da missão das Nações Unidas no país, tem sido "muito elogiada" pela ONU.
Em entrevista à Lusa na Missão Permanente de Portugal junto da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, o ministro João Gomes Cravinho contou que se reuniu na segunda-feira com os subsecretários-gerais para as Operações de Paz, Jean-Pierre Lacroix, e para os Assuntos Políticos e Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo, tendo Lacroix enaltecido o trabalho e o contributo dos portugueses na RCA.
"Foi possível falar, em primeiro lugar, sobre a situação no Sahel, que tem um impacto muito imediato em relação à segurança na Europa, assim como sobre a situação na República Centro-Africana, onde Portugal tem tropas e, mais uma vez, Jean-Pierre Lacroix teceu comentários muito elogiosos sobre aquilo que tem sido a presença e o contributo português através da Força de Reação Rápida na MINUSCA [Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana]", disse Cravinho.
A República Centro-Africana, o segundo país menos desenvolvido do mundo, segundo a ONU, tem sido palco de uma guerra civil desde 2013, que foi muito mortífera nos primeiros anos, mas que diminuiu de intensidade desde 2018.
No mês passado, 180 militares portugueses partiram para a RCA, tendo o Governo destacado o seu papel "absolutamente determinante para a manutenção da paz frágil" naquele país.
A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.
Desde então, o território centro-africano tem sido palco de confrontos comunitários entre estes grupos, que obrigaram quase um quarto dos 4,7 milhões de habitantes da RCA a abandonarem as suas casas.
No encontro com Rosemary DiCarlo, na segunda-feira, o ministro português abordou ainda problemas que a subsecretária tem em mãos e que "têm um impacto sobre Portugal e a Europa".
Abordou-se, segundo detalhou João Gomes Cravinho, a "situação na Líbia que está muito difícil", no Saara Ocidental "que também é difícil", assim como "a forma como a crise e a polarização resultante da invasão da Ucrânia têm um impacto sobre a Síria" e sobre "múltiplos outros cenários do quadro internacional atual".
Ainda na segunda-feira, o governante manteve encontros com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e com o presidente da Assembleia-Geral da organização, Abdulla Shahid, em que foi debatida a guerra da Rússia na Ucrânia, além da crise alimentar gerada pelo conflito.
As alterações climáticas, justiça intergeracional, educação e saúde pública foram também alguns dos temas discutidos nesta visita de Cravinho a Nova Iorque, onde vai estar até hoje.