É o maior da Europa com mais de 600 figurantes e perto de 90 cenários construídos com a ajuda de reclusos do Estabelecimento Prisional de Braga
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A “Inclusão de Migrantes e Minorias” é o tema da 18.ª edição do Presépio Vivo de Priscos, em Braga. Trata-se do maior presépio deste género na Europa. O sino da igreja da localidade assinalava as 11h00, este domingo, e já dezenas de minhotos e galegos aguardavam, perante um exército romano, que as portas deste 'reino' abrissem para uma “viagem ao tempo de Jesus”.
São mais de 600 os figurantes que dão vida a perto de 90 cenários construídos durante o ano com a ajuda de reclusos do Estabelecimento Prisional de Braga.
Para o padre João Torres, responsável pela iniciativa, este pode ser um mecanismo importante no caminho para “processos de cura” junto dos imigrantes que chegam “carregados de feridas”, mas também dos reclusos que devem “refletir sobre o mal que fizeram e no bem que querem ainda fazer”.
“Quer as políticas do Estado, quer as comunidades têm de ter uma palavra para estas pessoas que são muitas vezes colocadas à margem”, alerta o pároco.
A inauguração do Presépio de Priscos teve como convidados especiais uma família natural do Congo que há oito anos decidiu rumar a Portugal em busca de tranquilidade e segurança. Diakanua, mãe de quatro filhos, e o marido Zinga, falam num percurso difícil, mas que culminou com a hospitalidade típica portuguesa de “coração aberto”.
Aos jornalistas, dizem-se “honrados” em ter a oportunidade de conhecer esta iniciativa que guardaram não só em fotografias e vídeos, mas certamente também na memória.
O padre João Torres deixa uma mensagem de “humanização” que, nesta época, deve ajudar a levar “luz” à vida de terceiros. “Todos os populismos de que todos os problemas de um país se resolvem se mandarmos os migrantes embora é anticristão e se quisermos anti-Natal”, declara.
Em Braga, de acordo com o presidente do Município, convivem pessoas de 130 nacionalidades que, Ricardo Rio garante, tornam a cidade mais rica em termos culturais, sociais e económicos.
“Quase 13% da população de Braga é composta por migrantes. Desde pessoas que chegam à procura de uma oportunidade de inserção profissional, a outras que vêm integradas num contexto familiar com três gerações. Felizmente, não temos uma cidade com segregação de pessoas. Estão bem integradas”, realça.
Ao longo dos 30 mil metros quadrados em que está sediado o Presépio Vivo de Priscos é possível assistir a momentos do quotidiano de ferreiros, pastores, serradores, tecedeiras, entre outros, combinados com momentos bíblicos. Os visitantes podem ainda usufruir de uma vasta oferta gastronómica, disponível nas várias casas das “aldeias dos judeus e dos romanos”. Podem saborear o “pão de César”, o “hidromel”, a “posca”, castanhas assadas, água-pé, café no pote, doces dos judeus, ginja, doces de Roma e o famoso pudim “Abade de Priscos”. Ao longo do percurso existem também espetáculos.
Uma das novidades desta 18.ª edição é um memorial a todas as figuras emblemáticas que passaram pelo presépio, entre elas Melinha, adepta do SC Braga que morreu em 2022.
O Presépio Vivo de Priscos está aberto nos dias 22, 25 e 29 de dezembro. Em janeiro, é possível visitar o local nos dias 1, 4, 5, 11 e 12. A entrada é gratuita para crianças até aos 16 anos. Para os adultos o custo é de cinco euros.
