O presidente da RTP disse não perceber a «autoflagelação» de Nuno Santos, que se demitiu do cargo de diretor de Informação, na sequência do pedido de imagens dos incidentes de 14 de novembro.
Corpo do artigo
Alberto da Ponte, que se encontra desde quinta-feira em Angola para uma visita de trabalho de reforço da cooperação entre as televisões de Portugal e Angola, salientou, em declarações à agência Lusa, que o antigo diretor de Informação da RTP nem sequer se pode sentir «injustiçado», por que foi ele próprio que se demitiu do cargo.
Na passada quinta-feira, num comunicado enviado à Lusa, o ex-diretor de informação da RTP Nuno Santos disse que o processo envolvendo as imagens da manifestação em frente ao Parlamento, a 14 de novembro, foi «um pretexto para obter e, depois, justificar» a sua demissão.
«Todo este caso se afigura um pretexto para obter e, depois, justificar o meu afastamento», apontou o jornalista em comunicado endereçado à agência Lusa.
Para Nuno Santos, o resultado do «autodenominado" inquérito interno da RTP "estava à partida condicionado», pedindo o ex-diretor de informação acesso ao relatório final do mesmo e à prova «que terá sido produzida» contra si.
Nas declarações que fez hoje em Luanda à Lusa, Alberto da Ponte rejeita a leitura dos acontecimentos feita por Nuno Santos.
«Não percebo, francamente, digamos a autoflagelação, de que está injustiçado. Injustiçado seria se tivesse havido uma demissão. Não compreendo que ele se sinta injustiçado, porque foi ele que apresentou a demissão. Se ele tivesse sido demitido, naturalmente que poderia haver injustiça», acrescentou.
O presidente do Conselho de Administração da RTP escusou-se a dar pormenores sobre o inquérito interno.
«O inquérito não foi um inquérito disciplinar, foi um inquérito normal para apurar os factos. Estão apurados, estão substanciados por declarações, por testemunhos, que não posso transmitir cá para fora porque estou sob alçada da proteção de dados», considerou.
«Não sou eu que vou trazer cá para fora, se me permite a expressão, os 'brutos' do inquérito», frisou.