A primeira fase do plano prevê a vacinação das pessoas com mais de 80 anos e dos portugueses com mais de 50 anos com patologias.
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A primeira fase do processo de vacinação estará concluída a 11 de abril, com o objetivo de "salvar vidas". As pessoas com mais de 80 anos e os doentes com pelo menos um patologia grave, a partir dos 50 anos, terão recebido pelo menos uma dose da vacina até meio de abril.
A informação foi adiantada pelo coordenador do plano de vacinação, vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, que está a ser ouvido na Assembleia da República, a requerimento do PSD.
Questionado pelo deputado do PSD Ricardo Batista Leite sobre a vacinação dos docentes e não-docentes quando ainda decorre a primeira fase do plano, Gouveia e Melo garantiu que "à exceção de algumas pessoas que não conseguimos contactar" a meio de abril as pessoas inseridas na primeira fase já terão recebido a vacina.
Para chegar "às bolhas" dos idosos excluídos, Gouveia e Melo garante que a task-force está a trabalhar com as autarquias e com a GNR para "evitar que idosos isolados nos escapem à vacinação".
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O coordenador do plano de vacinação adiantou ainda que 200 mil docentes e não-docentes estarão vacinados no fim de semana de 17 e 18 de abril, depois de resolvida a primeira fase do plano. A vacinação dos professores funciona como "teste à futura capacidade de vacinação em massa", onde se prevê que sejam vacinadas cem mil pessoas por dia, em 250 postos para o efeito.
"No final do Verão teremos certamente mais de 70 por cento da população vacinada com a primeira dose", garantiu Gouveia e Melo, caso a entrega de vacinas seja respeitada pelas farmacêuticas.
Para proceder à vacinação em massa serão aproveitados 20 por cento dos enfermeiros nos cuidados de saúde primários e acrescentar os restantes através da contratação de profissionais. Gouveia e Melo lembra que "nos centros rápidos, a vacinação é mais eficaz".
Sobre as próximas fases do plano, Gouveia e Melo lembrou que "todos os grupos são prioritários", mas admitiu que "o critério mais justo a partir da segunda fase é o critério etário", numa fase decrescente.
O processo de vacinação em Portugal sofreu atrasos sucessivos, face ao plano inicial, pelos atrasos na entrega dos fármacos. Além das vacinas da Pfizer, da Moderna e da AstraZeneca que já estão a ser administradas, Portugal deve receber na segunda metade de abril as primeiras vacinas da Johnson & Johnson de toma única de um lote de cerca de 1,25 milhões que está previsto chegar ao longo do segundo trimestre.
"Temos de conseguir agendar cem mil pessoas por dia"
A task-force adiantou, na terça-feira, que durante a vacinação em massa serão os vacinados a agendar a marcação, através de uma plataforma digital. "Para além do processo de agendamento por mensagem SMS, chamadas telefónicas e cartas atualmente em uso, está previsto implementar-se um procedimento de autoagendamento, através de uma plataforma digital, onde as pessoas podem marcar diretamente a sua vacinação", referiu uma fonte da task-force em declarações à lusa.
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Na audição no Parlamento, Gouveia e Melo admitiu que uma das preocupações é assegurar que cem mil pessoas são contactadas para receber o fármaco. "O objetivo é que as pessoas digam 'eu estou aqui, estou dentro dentro do critério e quero agendar no posto que me dá mais jeito'. Uma das grandes preocupações que tenho, neste momento, é conseguir agendas cem mil pessoas todos os dias", disse.
De acordo com o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, os 150 Centros de Vacinação Covid-19 (CVC), que deverão estar em funcionamento no segundo trimestre de 2021.
Para concretizar o plano de vacinação em massa, a 'task force' prevê que sejam necessários 2500 enfermeiros, 400 médicos e 2300 auxiliares, num total de 5200 profissionais a distribuir pelos 150 centros espalhados pelo país.
AstraZeneca? Em Portugal, nada muda
Questionado sobre a vacina da AstraZeneca, com vários países a imporem restrições ao fármaco, Gouveia e Melo garante que em Portugal nada muda. "Há um conjunto de movimentos à volta da AstraZeneca que não se conseguem perceber: se são de preocupação clínica ou de outra ordem. O que decidimos foi seguir as recomendações do regulador europeu. Neste momento, não há nenhuma restrição, continuam a afirma que as vantagens superam qualquer inconveniente", garantiu.
Portugal suspendeu a vacina da AstraZeneca a 15 de março, mas levantou a suspensão dias depois, seguindo a recomendação da agência europeia e da Organização Mundial da Saúde.
No início da semana, as autoridades canadianas recomendam suspensão da AstraZeneca em menores de 55 anos.
No primeiro trimestre Portugal recebeu menos de dois milhões de vacinas, a previsão para o segundo trimestre é de nove milhões de vacinas, das quais 1,8 milhões em abril e as restantes nos dois meses seguintes. Portugal vai contratar 35,8 milhões de vacinas, com a AstraZeneca a encaminhar grande parte dos fármacos.
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