Todos os dias do novo ano tiveram mais de 400 pessoas a falecer em Portugal. Número que em 2014 apenas tinha sido ultrapassado uma vez.
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A mortalidade em Portugal atingiu um pico esta semana. No ano passado apenas um dia teve mais de 400 pessoas a falecer. Em 2015, todos os dias contabilizados pelo sistema de vigilância da mortalidade ultrapassaram essa barreira.
O dia com mais mortos registados pelas autoridades de saúde foi no domingo: 464. Desde aí o número tem descido, mas rondou, também, na segunda e terça-feira, os 450. Estes são os valores mais elevados desde há mais de um ano.
Além disso, de 1 a 7 de janeiro, todos os dias deste início de 2015 tiveram mais de 400 pessoas a falecer, uma barreira que em 2014 apenas tinha sido ultrapassada num dia (410 a 3 de janeiro).
Em comunicado revelado esta noite, a Direção-Geral da Saúde confirma que a atividade gripal já é alta e ocorreu um aumento da mortalidade, acima do esperado pelos especialistas face aos registos do passado, na semana de 29 de dezembro a 4 de janeiro. No entanto, não são avançados números concretos e a DGS sublinha que este aumento «ocorre habitualmente na época de Inverno e pode estar associado às baixas temperaturas, à descompensação de doenças crónicas e a infeções respiratórias causadas por diferentes microrganismos, nomeadamente gripe».
À TSF, o presidente da Associação dos Médicos de Saúde Pública, Mário Jorge Santos, explica que os dias de muito frio tendem a ter mais óbitos e tudo indica que foram as temperaturas persistentemente baixas da última semana que aumentaram a mortalidade.
O representante destes médicos sublinha que há muitas doenças que se agravam com o frio ou são mesmo provocadas por este. Mário Jorge Santos fala da gripe mas sublinha, contudo, que «ainda não estamos no pico da gripe» e que já existem outras doenças respiratórias.
Além disso, também as doenças cardíacas, a diabetes ou as doenças crónicas pulmonares se agravam normalmente com a persistência do tempo frio.
A Associação dos Médicos de Saúde Pública admite que é preciso estudar se o aumento da mortalidade desta semana foi ou não normal para a época de frio que atingiu o país. O comunicado da DGS acrescenta que o Ministério da Saúde está «a implementar medidas para reduzir o impacto das condições climatéricas adversas e da gripe na morbilidade, na procura de cuidados de saúde e na mortalidade».
Os conselhos são vários: entre eles, a vacinação dos grupos de risco; medidas de proteção contra o frio; ou cumprimento das regras de higiene das mãos e de etiqueta respiratória.