"Problema gravíssimo." Novo ano letivo pode arrancar com creches fechadas devido à falta de educadores de infância
Em declarações à TSF, Susana Batista, presidente da Associação de Creches e Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular, alerta que o problema tem vindo a agravar-se
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O novo ano letivo pode começar com salas do pré-escolar fechadas devido à falta de educadores de infância. O alerta já tinha sido feito pela Associação de Creches e Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular, mas o problema tem vindo a agravar-se. Em declarações à TSF, a presidente da associação, Susana Batista, denuncia um problema que considera "muito grave".
"A nossa associação recebe imensos pedidos de ajuda da parte dos nossos associados, que, de repente, começaram a ficar sem educadores de infância. Foram contratados para outros sítios, alguns até emigraram, e não conseguem arranjar ninguém para substituir. Isto é um problema gravíssimo que está a aumentar de dia para dia, já começou e vai ser ainda pior. Agora em setembro, há muitas creches e muitos jardins de infância que estão na iminência de decidir se vão poder abrir ou se vão ter de fechar e setembro é já segunda-feira. É urgente encontrar uma solução", afirma Susana Batista, que faz questão de deixar o alerta, numa altura em que o Governo quer abrir mais vagas no pré-escolar em parceria com os municípios.
A presidente da associação de creches sublinha que, não havendo educadores de infância suficientes para as salas que já existem, será impossível abrir novas vagas. Além disso, os municípios dificilmente vão aceitar abrir novos lugares, caso o Governo não aumente o valor que paga por cada criança.
“Tudo depende do valor que o Governo quer pagar para conseguir garantir a sustentabilidade e conseguirem abrir essas vagas. O problema que se coloca desde o princípio é conseguirmos chegar a um valor que seja sustentável, um valor que pague efetivamente aos profissionais, aos equipamentos, no fundo, todos os custos de funcionamento para conseguir ter um estabelecimento a funcionar com pré-escolar para crianças", explica Susana Batista.
Questionada sobre qual seria o valor sustentável, a presidente da associação de creches fala em 350 euros: "É o normal para conseguir ter uma criança com toda a qualidade, não só a nível de ensino, como de infraestruturas, menos do que isso torna-se praticamente impossível."
Até agora, o valor oferecido pelo Governo tem ficado aquém do que seria sustentável, diz Susana Batista. "O Governo anunciou que ia propor apenas 208 euros, o que é insuficiente. Seria suficiente se a alimentação e o prolongamento do horário, que não estão incluídos neste valor, pudessem ser pagos à parte pelas famílias. Se isso fosse assim, muitos estabelecimentos conseguiriam suportar as despesas", argumenta, sublinhando que, se o Executivo de Luís Montenegro não aumentar o valor, provavelmente, não haverá tantos municípios interessados em aceitar a proposta anunciada por Fernando Alexandre.
"É impossível, a não ser que dê aos municípios outros apoios para a alimentação e o prolongamento do horário. O Governo tem várias parcerias com os municípios, os próprios municípios recebem dinheiro para esses fins e talvez por aí consigam sustentar. Mas apenas 208 euros não paga a frequência de uma criança no pré-escolar", reforça.
O ministro da Educação anunciou que quer criar mais seis mil vagas no pré-escolar através de protocolos com 30 autarquias nas áreas de Lisboa, Setúbal e Algarve.