Situação estável, ″não resolvida″. Amadora-Sintra não recebe mais doentes Covid até fim de semana
Situação complicada com o sistema de oxigénio do hospital obrigou, na última noite, à transferência de 53 doentes para outros hospitais.
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O presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), Luís Pisco, admite que o problema no sistema de oxigénio no hospital Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) ainda não está resolvido.
Na última noite, falhas na rede de fornecimento de oxigénio aos doentes ventilados obrigaram à transferência de 53 doentes para outros hospitais da rede pública.
Desde então, o hospital afirmou que a rede de oxigénio medicinal já se encontra a funcionar de forma estabilizada e dentro de padrões de segurança, mas o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo alerta que o problema "não foi ainda resolvido".
Em declarações à TSF, Luís Pisco explica que a situação da última noite deveu-se a "um excesso de consumo face àquilo que era a capacidade do sistema". "É um pouco como a água [canalizada]: se estiverem muitas pessoas a usá-la ao mesmo tempo, perde pressão. Foi o que aconteceu. Teve de se retirar alguns doentes para que os utilizadores voltassem a ser cerca de 270", esclareceu.
No entanto, a situação "provavelmente" só estará normalizada no fim de semana, acrescenta o presidente da ARSLVT.
"Nunca recusamos nenhum doente, nunca recusamos cuidados a nenhum paciente. Mas devido a estes problemas de infraestrutura, tivemos que colocar aqui um travão", indica o hospital.
Até ao final da semana, serão feitas "algumas alterações que possam permitir um alívio e que se possa voltar a ter mais alguns doentes", adianta Luís Pisco.
Para já, os constrangimentos verificados "foram colmatados com recurso a garrafas de oxigénio". Agora, está em curso um conjunto de obras para reforçar da rede de fornecimento de oxigénio: o reforço da rede de gases medicinais que servem a unidade Covid-19, graças a uma nova rede de oxigénio, instalada na última semana, na Torre Amadora; a instalação de um novo tanque de oxigénio "que funcionará em paralelo com o existente" (e que deverá ficar concluído "dentro de três semanas" e a instalação de uma rede redundante na Torre Sintra.
Adicionalmente, segundo o hospital, será também instalado um tanque de oxigénio para alimentar em exclusivo a área dedicada a doentes respiratórios do Serviço de Urgência e que ficará independente da rede principal do Amadora-Sintra.
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Parte dessas alterações passa também pela transferência de um total de 90 doentes, 19 dos quais para uma enfermaria num hospital privado, uma operação inédita em Portugal. O Hospital Amadora-Sintra (um hospital público) irá assim abrir uma enfermaria com os seus próprios médicos e enfermeiros num hospital privado, o Hospital da Luz.
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O Hospital Amadora-Sintra chegou, esta terça-feira, aos 363 doentes internados, quando o pior cenário apontava para 337 camas de internamento dedicadas à Covid-19.
São pelo menos quatro os hospitais que já têm mais camas ocupadas com doentes infetados pelo coronavírus do que o previsto no máximo do plano de contingência: Amadora-Sintra, Loures, Setúbal e Vila Franca de Xira.
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Perante as críticas de que existe um esforço desigual exigido às diferentes unidades, perante o agravamento da crise pandémica - sete administrações hospitalares assinaram uma carta a denunciar diferenças na taxa de esforço entre os hospitais -, Luís Pisco reconhece que o assunto tem de ser discutido.
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"É evidente que os hospitais estão debaixo de uma grande sobrecarga, todos", alerta o presidente da ARSLVT, admitindo, contudo que em causa está "uma questão de equidade na distribuição do esforço, é isso que temos de discutir."
"Os hospitais são estruturas extremamente complexas e, portanto, todos os dias há coisas para analisar e para resolver, quer dentro dos hospitais, quer entre os hospitais e a ARS", reforça.
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