Em nome dos pescadores, Humberto Jorge espera, em contrapartida, que o governo tenha conseguido, nas negociações com Bruxelas, garantir um aumento de quotas em espécies como o carapau e o biqueirão.
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A Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco considera que apesar de a redução de quotas de pescado, linguado e do peixe-espada preto não ter sido tão elevada quanto se esperava, em algumas espécies, não deixa de afirmar, também, que os números previstos para a captura de pescada, peixe-espada e linguado deixam a desejar.
"São espécies fundamentais e muito importantes para a pesca artesanal em Portugal e para o equilíbrio de uma frota que é numerosa. Portanto, qualquer redução nestas espécies, que provoque condicionalismos, será bastante preocupante. A redução das quotas não foi tão significativa como se propunha no início, mas mesmo assim não deixa de ser preocupante. É uma redução. Esperemos que agora o governo possa aumentar algumas quotas noutras espécies para compensar e atenuar estas reduções", diz à TSF Humberto Jorge, presidente da Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco.
Em nome dos pescadores, Humberto Jorge espera, em contrapartida, que o governo tenha conseguido, nas negociações com Bruxelas, garantir um aumento de quotas em espécies como o carapau e o biqueirão: "A nossa expectativa é que nessas espécies se reflita um aumento, ainda que ligeiro, para compensar as reduções noutros casos".
Os ministros da União Europeia com tutela das pescas concluíram esta manhã uma maratona de dois dias para decidirem as quotas de pesca para o próximo ano.
Em 2021, os armadores portugueses vão ver ligeiramente reduzido o total admissível de captura da pescada, que sofrerá um corte de 5% por cento face a este ano. Ainda assim, "corresponde uma quota nacional de 2.495 toneladas", anunciou o governo num comunicado emitido em Bruxelas, em que salienta a "capacidade de negociação" nos dois dias tendo sido possível argumentar conta o corte de "12,7% como proposto pela Comissão [Europeia]".
Esperavam-se também cortes significativos na captura do linguado. Estava previsto uma quebra de 41,5 por cento, relativamente a esta espécie. Mas, as longas horas de negociações permitiram fixara a "redução em 20%". Os armadores vão ter disponível uma "quota nacional de 428 toneladas", no caso do linguado.
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"Neste caso, foi reconhecida a argumentação portuguesa de que a proposta inicial se encontrava desajustada à realidade deste stock, que contempla, não apenas uma, mas várias espécies de linguado", afirma o governo na nota divulgada em Bruxelas.
"Quanto ao peixe-espada preto, foi decidida uma redução de 20%, em contraponto à percentagem de 25% proposta pela Comissão, utilizando a flexibilidade prevista no Plano Plurianual das Águas Ocidentais, tendo sido estabelecida uma quota nacional de 2.241 toneladas", continua o texto.
Em matéria de negociações internacionais, das quais dependem parte das quotas da União Europeia, estabeleceu-se em definitivo, as quotas relativas ao Atlântico Noroeste, "apenas com uma quota de 1.500 toneladas de bacalhau na área da Organização de Pescas do Atlântico Noroeste".
"O Ministério do Mar continua empenhado em trabalhar em estreita cooperação com o setor para assegurar uma atividade de pesca sustentável, rentável e duradoura, fazendo, para tal, uso de todos os instrumentos disponíveis e em linha com o Objetivos de Desenvolvimento Sustentável", lê-se no texto.