
Paulo Novais / Lusa
A Comissão Europeia mantém as medidas de apoio aos agricultores, face à continuação do embargo russo. Mas os produtores de leite lamentam que as ajudas não sejam direcionadas para eles.
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Com a continuação do embargo russo, anunciado em junho por Putin, e com a diminuição das importações da China, Bruxelas decidiu manter as ajudas que já tinha em vigor.
O executivo comunitário indicou que está a "finalizar os últimos detalhes com vista à adoção formal" das decisões agora tomadas, esperando que as medidas de apoio aos setores das frutas e legumes, que expiram hoje, entrem em vigor já na próxima semana, sendo prolongadas até 30 de junho de 2016, enquanto os apoios aos lacticínios, que terminam a 30 de setembro, deverão entrar em vigor a 01 de outubro.
No setor dos laticínios, as medidas consistem em compra pública (intervenção) ou ajuda a armazenamento privado sobretudo de manteiga e leite em pó, enquanto os apoios para os principais grupos de frutas e vegetais abrangidos pelo embargo russo consistem sobretudo em retirar do mercado produtos para distribuição a instituições de caridade, assim como outros fins (como alimentação para a animais e compostagem e destilação).
Carlos Neves, da Associação de Produtores de Leite, reage ao anúncio da Comissão sublinhando que "isto não são ajudas diretas aos agricultores [...] é uma medida de apoio à indústria". O dirigente da APROLEP afirma que têm "vindo a sofrer os efeitos do embargo russo desde há longos meses e aquilo que nos prometiam que ia ser uma primavera com o fim da quotas, tornou-se num inferno".
Em França, face à contestação de agricultores e produtores, o governo "não esteve apenas à espera das ajudas de Bruxelas e avançou com um pacote de 600 milhões" e, diz Carlos Neves, "mais importante do que isso, conseguiu um consenso entre a indústria e a distribuição para haver um aumento de preço ao produtor". Uma iniciativa que a APROLEP gostaria de ver estudada e aplicada em Portugal.