Produzir vacinas em Portugal? "Nada se consegue fazer de um dia para o outro"
O presidente da Apifarma desafiou o Governo a utilizar a bazuca europeia para reforçar o setor farmacêutico.
Corpo do artigo
O Presidente da Associação Portuguesa de Indústria Farmacêutica afirma que Portugal não tem capacidade para produzir vacinas no imediato. João Almeida Lopes respondeu às questões dos deputados na Assembleia da República e garantiu que a capacidade instalada não é suficiente para produção em massa.
Numa altura em que há atrasos no fornecimento das vacinas para combater a Covid-19, João Almeida Lopes desafiou o Governo a utilizar a bazuca europeia para reforçar o setor farmacêutico.
"Se calhar faz sentido que Portugal acautele o seu futuro a médio e longo prazo para estas vacinas ou similares, mas estamos sempre a falar de projetos futuros. Nada disto se consegue fazer de um dia para o outro", reforçou.
João Almeida Lopes explicou que os recursos em Portugal não permitem fazer vacinas nas quantidades necessárias, apesar de "os primeiros lotes daquela que viria a ser a vacina da Moderna tenham tido início em Portugal, em 2015".
13333939
O farmacêutico lembra, no entanto, que a capacidade instalada em Portugal não é suficiente para produção em massa.
Por outro lado, o presidente da Apifarma salienta que há medicamentos que podem ser utilizados para combater a Covid-19 enquanto não se alcança a imunidade de grupo.
"Faz todo o sentido incentivar a procura de novas soluções terapêuticas. Faz todo o sentido em reposicionar medicamentos, como tem sido feito no EUA, para dar uma ajuda no combate à Covid, enquanto as vacinas não estiverem ao alcance da população toda", explicou.
O plano de vacinação para combater a Covid-19 em Portugal está atrasado, devido às limitações na disponibilidade das vacinas. O primeiro grupo, das pessoas com mais de 80 anos e acima dos 50 com doenças associadas, só estará plenamente vacinado em abril, ao contrário das primeiras indicações.
Na reunião do Infarmed, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, coordenador da task force responsável pela vacinação, lembrou que estão envolvidas 1,14 milhões de pessoas no primeiro grupo de vacinação. Apesar do atraso, o vice-almirante garante que este é um problema exclusivo da disponibilidade de vacinas.
Questionado sobre as taxas impostas à indústria farmacêutica, João Almeida Lopes garante que "não fazem sentido", principalmente durante a pandemia.
"A indústria foi capaz, em tempo recorde, de desenvolver vacinas para talhar o caminho a esta tragédia. Vimos com desagrado que no Orçamento do Estado para 2021 fosse colocada uma taxa extraordinária sobre os diagnósticos por Covid", lamentou.
13332081