O docente João Carlos Pereira explica, em declarações à TSF, os motivos da iniciativa que decorre na Escola Básica e Secundária do Cerco do Porto.
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Para alertar sobre a violência contra os professores, a Escola Básica e Secundária do Cerco do Porto é esta quinta-feira palco de um cordão humano, numa iniciativa do Movimento de Professores pela Escola Pública.
Em declarações à TSF, o professor João Carlos Pereira explica que o objetivo é trazer a debate um problema que tem sido recorrente.
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"Nós queremos chamar à atenção do Ministério da Educação, que tem de nos ajudar. O professor tem de começar a ganhar outra vez a autoridade que já teve, mas uma autoridade saudável. Não é autoridade da ditadura, é uma autoridade saudável, em que os alunos respeitem, os pais respeitem os professores, para os professores poderem desempenhar o melhor papel que eles sabem fazer, que é dar aulas e ensinar os alunos", sublinha João Carlos Pereira.
A desvalorização da profissão é, segundo o mesmo docente, um dos fatores que contribui para a perpetuação desta realidade.
"A violência generalizada nas escolas é um reflexo da desvalorização da profissão de docente. Nós queremos chamar à atenção que toda a gente tem direito a ter um ambiente de trabalho saudável e digno, sem haver estas perturbações constantes", desabafa.
João Carlos Pereira diz ainda à TSF que há uma preocupante falta de exigência no ensino, que acaba por colocar em causa o papel dos professores.
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"O ensino cada vez está a ser mais facilitado. O que é que eu quero dizer por facilitado? Significa que os alunos passam com exigências mínimas. Esta situação de passar a passagem de ciclo significa que meninos no 5.º ano podem ter seis, sete negativas, mas com as instruções que vêm do Ministério da Educação significa que se o conselho de professores achar que o menino pode ter condições para fazer o 2.º ciclo ele deve transitar para o 6.º ano", explica.
Para o docente, estas medidas não são desejáveis para um ensino de qualidade e defende que estas têm consequências negativas nos alunos, levando a que muitos deles "deixem de se esforçar".
"A que é que isto leva? A que meninos que ficam para trás deixem de estudar, deixem de se importar, em vez de se esforçarem e que digam: 'Oh, se aqueles passaram, nós também vamos passar.' Nós não queremos isso. Queremos exigência no nosso ensino e queremos uma escola de qualidade, em que todos aprendam."
O cordão humano foi formado a partir das 13h00 desta quinta-feira.