O aumento da condição de sobrelotação em relação a 2022 foi transversal a todo o território, mas mais significativo nas Regiões Autónomas.
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A proporção de pessoas que viviam em condição de sobrelotação em 2023 aumentou para 12,9%, sobretudo população em risco de pobreza, segundo os resultados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, divulgado esta sexta-feira pelo INE.
No ano passado, "12,9% das pessoas viviam em alojamentos em que o número de divisões habitáveis (igual ou superior a quatro metros quadrados) era insuficiente para o número e o perfil demográfico dos membros do agregado, mais 3,5 pontos percentuais do que no ano anterior (9,4%)", observou o Instituto Nacional de Estatística (INE).
À semelhança dos anos anteriores, o risco de viver numa situação de insuficiência do espaço habitacional foi mais significativo para a população em risco de pobreza, com 27,7% desta população em situação de sobrelotação habitacional no ano passado, o que compara com 9,8% na restante população.
Segundo o INE, em 2023, a taxa de sobrelotação da habitação era mais elevada para a população mais jovem (21,8% para o grupo etário até aos 17 anos), diminuindo com a idade (13,9% para os adultos e 4,4% para os idosos).
A taxa de sobrelotação era também mais elevada para a população residente em áreas predominantemente urbanas (14,9%).
O aumento da condição de sobrelotação em relação a 2022 foi transversal a todo o território, mas mais significativo nas Regiões Autónomas, com uma subida de 3,3 pontos percentuais no Continente, de 7,9 pontos nos Açores e de 7,3 na Madeira.
A autoridade estatística concluiu ainda que 36,4% da população vivia em situação de subocupação da habitação, ou seja, em alojamentos em que o número de divisões habitáveis era superior ao que seria necessário para o número e o perfil demográfico dos membros do agregado, afetando principalmente a população mais idosa (56,2%) e as famílias sem crianças dependentes (51,7%).
No ano passado, 6% dos residentes viviam em condições severas de privação habitacional, mais 2,1 pontos percentuais do que em 2020 (3,9%), que foi o último ano com recolha completa de dados sobre as condições físicas e sanitárias dos alojamentos, interrompida em 2021 e 2022.
A privação severa das condições da habitação em 2023 afetava principalmente a população em risco de pobreza (14,8%), os menores de 18 anos (10,7%) e os residentes em áreas predominantemente urbanas (7,7%).
Considerando a composição do agregado familiar, quer a taxa de sobrelotação, quer a taxa de privação severa das condições da habitação afetam principalmente as famílias com crianças dependentes (21,1% e 10%, respetivamente).
Se se considerar apenas os problemas relacionados com as instalações sanitárias e a qualidade das estruturas físicas básicas do alojamento (teto, paredes, soalho, janelas), observou-se que 33% da população vivia, em 2023, com privação em pelo menos um dos itens considerados.
Em contrapartida, registou-se uma ligeira melhoria no rácio entre as despesas em habitação e o rendimento disponível das famílias, com uma carga mediana das despesas em habitação de 9,7%, inferior ao resultado de 10,2% registado no ano anterior, e uma taxa de sobrecarga das despesas em habitação de 4,9%, pouco abaixo do valor no ano anterior (5%).
Quando questionados sobre anteriores situações em que tiveram de pernoitar temporariamente noutro alojamento (privado ou coletivo), na rua ou num espaço público, por não terem onde ficar, 4% das pessoas com 16 ou mais anos referiram já ter passado por pelo menos uma situação de dificuldade habitacional, das quais 3,2% temporariamente em casa de amigos ou familiares.
As principais razões referidas pelos inquiridos foram os "problemas de relacionamento ou familiares" (39,6%) e os "problemas financeiros" (19,1%).
