Proposta do Governo? Sindicatos dos bombeiros dizem que é uma “piada de mau gosto”
A TSF falou com dois dos sindicatos que estiveram na mesa de negociações com o Governo sobre melhores condições de trabalho. Ambos os dirigentes sindicais não se conformam com as medidas apresentadas, considerando-as como "injustas, aquém do esperado e pouco atrativas à profissão"
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“Achamos uma piada de mau gosto por parte do Governo.” É assim que o Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS) descreve a proposta do Governo que visa aumentar a remuneração dos bombeiros sapadores entre 15% a 20% até 2026. Esta remuneração é composta pelo salário do profissional e por suplementos como o subsídio de risco.
O Governo afirma que esta proposta reflete "a vontade de valorizar, adaptar e adequar a carreira dos bombeiros sapadores" e que a negociação constitui "o passo inicial para a resolução" das reivindicações feitas pelos bombeiros sapadores há vários anos.
Porém, o Sindicato Nacional dos Bombeiros Profissionais partilha a opinião do SNBS. À TSF, o dirigente sindical Sérgio Carvalho explica que a tabela salarial proposta induz em erro, pois apresenta salários ainda mais baixos dos que hoje estão em vigor. “Situação que, logo à partida da carreira, pouco apelativa para os jovens”, sublinha.
“Em vez de ser valorizada, é uma tabela que baixa o vencimento aos bombeiros. O que o Governo disse na reunião, mas isto já decorre da lei, é que não ia baixar os salários a quem já está na carreira. Mal parecia, porque a lei também não o permite. Agora, quem vai ingressar, efetivamente, vai fazê-lo com um salário inferior [ao atual]”, contesta.
O dirigente sindical Ricardo Cunha, da SNBS, que realça que, com esta tabela salarial, “não há aumentos para ninguém”.
“Os bombeiros nem sabem o que fazer com tanto dinheiro”
Relativamente aos suplementos, o subsídio de risco atual é de 21,10 euros, por mês, e o Governo propõe aumentá-lo para 37,50 euros. Ricardo Cunha ironiza: “Deve ser o maior subsídio de risco pago no país. Os bombeiros nem sabem o que fazer tanto dinheiro.” O dirigente sindical critica que este valor mostra como “realmente se valoriza a vida de um bombeiro neste país”.
Sérgio Carvalho apela que o Governo dê aos bombeiros as mesmas condições que tem dado a outros setores. "Nós não temos carreiras iguais, ou suplementos exatamente iguais, mas pelo menos que houvesse o mesmo tratamento. Comparativamente com outras carreiras, que o Governo tem estado a regularizar, fica a anos-luz", reivindica.
Sérgio Carvalho lembra que há mais reuniões agendadas com o Governo, sendo que a próxima ocorrerá a 25 de novembro. O dirigente sindical aguarda que dela resultem outras medidas. “Esperamos que os sindicatos sejam ouvidos, que as suas propostas sejam aceites, e que, no final, saia um documento que seja favorável a todos os sapadores bombeiros e que não crie esta injustiça, porque, efetivamente, a proposta foi muito fraca relativamente ao que estava em cima da mesa”, esclarece.
Os sapadores bombeiros estão presentes em 25 cidades do país, com mais de 3000 profissionais.
