Proteção Civil do Porto alerta para dificuldades em recrutar bombeiros para época de incêndios
À TSF, Marco Martins diz que isso se deve à falta de recursos humanos e pede mais incentivos para bombeiros voluntários a nível nacional.
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O presidente da Proteção Civil do Porto, Marco Martins, está preocupado com as dificuldades em recrutar pessoas para o combate aos incêndios no verão e teme que haja menos equipas no terreno durante a época mais perigosa.
"Já o ano passado tivemos dificuldade em completar todas as equipas previstas e este ano, por aquilo que tem sido o feedback dado pelos primeiros corpos de bombeiros, não por falta de motivação dos comandantes, não por falta de vontade, mas por falta de recursos humanos, vai ser difícil recrutar gente para essa tarefa, aliado à questão que não é de agora, já vem de trás, que é o baixo pagamento, ou seja, a retribuição no ano passado era de 64 euros por cada 24 horas, dá menos três euros por hora para os voluntários andarem a fazer essa missão suplementar", avisa Marco Martins em declarações à TSF.
O também presidente da Câmara Municipal de Gondomar diz que o problema se torna ainda mais evidente no interior e receia que o Grande Porto tenha menos de metade das equipas dos dispositivos especiais de combate aos fogos rurais, que são financiadas pelo Estado.
"Já no ano passado, aqui no distrito do Porto, houve dificuldade em conseguir recrutar elementos bombeiros e que normalmente estamos a falar de pessoas que ou são estudantes e estão de férias ou trabalham e ocupam a parte das férias nos bombeiros, ou então pessoas que são desempregadas, coisa que neste momento, nesta conjuntura atual, para mim não existe. Essas pessoas fazem parte dessas equipas. São equipas de reforço para o combate aos incêndios na altura do verão", refere.
Além da falta de recursos humanos, Marco Martins aponta também os baixos salários e pede soluções para amenizar a situação: ""Por um lado, criar um regime de incentivo ao voluntariado, dando mais benefícios. Há países da Europa, inclusivamente benefícios do imposto sobre o rendimento para os voluntários e no apoio social ainda maior que dá o Estado português, para que se consiga captar gente para os quadros dos bombeiros voluntários e depois, eventualmente, até profissionais, mas enquanto não forem voluntários, não poderão passar profissionais e, portanto, é um problema que eu acho que mos próximos tempos vai sentir com maior ênfase e em particular nesta época de incêndios florestais no verão."
O presidente da Câmara de Gondomar explica que "hoje o bombeiro voluntário em Portugal, além de poder pedir reembolso de propinas e não pagar taxa moderadora no acesso aos cuidados de saúde, pouco mais regalias tem além daquelas que muitas autarquias, muitas câmaras municipais, depois dão em complemento àquilo que o Governo dá", por isso acredita que era necessário, a nível nacional, uniformizar e dar equidade a todo este tipo de apoios para conseguirmos ter mais voluntários nas fileiras dos corpos de bombeiros porque é um assunto que me preocupa muito e que naturalmente mexe com aquilo que é o socorro de cada um de nós".