Entre as ocorrências, registaram-se inundações, pequenos deslizamentos de terras e queda de árvores em vários pontos da costa sul da Madeira.
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O Serviço Regional de Proteção Civil da Madeira registou 71 ocorrências decorrentes da intempérie que afeta o arquipélago desde segunda-feira, indicou a instituição, referindo que foram mobilizados 24 meios e 65 operacionais.
De acordo com o balanço mais recente, não foram sinalizadas ocorrências graves, havendo apenas registo de inundações, pequenos deslizamentos de terras e queda de árvores em vários pontos da costa sul da Madeira, uma das zonas mais afetadas.
O presidente do Serviço Regional de Proteção Civil da Madeira adiantou à TSF que durante a noite aconteceu uma derrocada na Fajã das Galinhas, o que obrigou ao encerramento do acesso a esta localidade onde moram cerca de 200 pessoas. O coronel António Nunes explica que as zonas do Funchal, de Santa Cruz e do Machico são as que mais preocupam.
"No âmbito destas 71 ocorrências algumas são mais significativas, como a interrupção das estradas das zonas mais preocupantes, como a estação de tratamentos de resíduos sólidos na Meia Serra e uma estrada de acesso à Fajã das Galinhas que impossibilita que as pessoas possam sair da daquela zona. Tivemos também uma derrocada na Câmara de Lobos, na rua do quartel dos bombeiros, assim como uma queda de um telhado de uma habitação em Santa Cruz, que provocou um desalojado, mas que não necessitou de realojamento porque foi para casa dos familiares. As ribeiras, que são uma preocupação por causa da da orografia do terreno, apresentam neste momento os caudais normais", explica António Nunes.
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O presidente do Serviço Regional de Proteção Civil da Madeira garante que nas próximas horas vai ser desobstruído o acesso à Fajã das Galinhas.
"Aquela zona é uma zona um bocadinho complicada, porque é o único acesso que aquela localidade tem. Por isso, se aquela estrada ficar interrompida, os habitantes ficam logo sem hipótese de sair de lá. É uma zona com algum historial de derrocadas, mesmo sem necessidade de haver esta quantidade de chuva", diz, sublinhando que, com a "intervenção da Câmara Municipal", as pessoas já "vão conseguir sair do local".
António Nunes faz algumas recomendações: "Terem muito cuidado se circularem na rua e principalmente com as viaturas, por causa dos lençóis de água ou de alguma derrocada que possa provocar alguns danos. Se não necessitarem de sair de casa, que permaneçam nos seus domicílios para diminuir as hipóteses de ocorrerem situações desagradáveis e manterem-se atentas a tudo aquilo que possa pôr em causa as moradias e os bens."
O vice-presidente da autarquia de Câmara de Lobos, Leonel Silva, explica à TSF que os serviços da câmara contam começar os trabalhos ainda esta tarde.
"A nossa intenção é que logo no início da tarde, estando reunidas as condições, possamos com segurança operacionalizar os meios. Neste momento, temos os meios empenhados noutras áreas do concelho, onde têm vindo a ocorrer pequenas focos de deslizamentos de terras, nada de muito complicado, e, por isso, estamos empenhados também para garantir a operacionalidade das vias e a normalização da circulação", esclarece.
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Até começarem os trabalhos de desobstrução da via é impossível entrar e sair da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos. O autarca Leonel Silva assegura que a população está tranquila e não há habitações em risco.
"Temos acompanhado junto de algumas famílias para saber se há alguma situação mais emergente para se poder intervir, mas a população está calma, não houve nenhuma habitação que tivesse sido afetada diretamente. Estamos a aguardar agora que o tempo melhore e a perspetiva é que, no final da manhã, comece a melhorar para podermos fazer uma avaliação mais rigorosa e poder intervir no imediato", acrescenta.
A costa sul e as regiões montanhosas da ilha estão sob aviso vermelho desde as 15h00 de segunda-feira devido à previsão de chuva forte e persistente por causa da passagem da depressão Óscar.
O aviso vermelho, o mais grave de uma escala de três, foi emitido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e está em vigor até às 15h00 de terça-feira, sendo que o período mais crítico deverá ocorrer entre as 06:00 e as 09h00.
Os vários executivos municipais da zona sul da ilha reforçaram os meios para atuar em caso de necessidade.
A Câmara Municipal de Machico, no extremo leste da Madeira, indicou que foram registadas várias ocorrências relacionadas com pequenas derrocadas que provocaram o encerramento parcial das estradas, transbordo de ribeiros e ligeiras inundações, mas sem registo de situações de gravidade.
Em Santa Cruz, também na zona leste, o serviço municipal de proteção civil registou 19 ocorrências, ao passo que o município de Câmara de Lobos, contíguo ao Funchal a oeste, reportou como ocorrência mais significativa uma derrocada na Fajã das Galinhas, na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, que tornou intransitável a estrada de acesso à localidade.
Por outro lado, a empresa de transportes públicos Horários do Funchal emitiu um comunicado no qual em que admite "constrangimentos nos transportes" no dia de hoje devido ao mau tempo.
Já a Empresa de Eletricidade da Madeira informou que estarão encerrados todos os balcões de atendimento ao público, incluindo na sede, mas o Serviço de Apoio ao Cliente funcionará normalmente através da respetiva linha telefónica.
O mau tempo condicionou também a operação no Aeroporto Internacional da Madeira, com registo de 28 voos cancelados e 12 divergidos.
Por outro lado, o Governo da Madeira decidiu suspender a atividade letiva em todas as escolas e em todos níveis de ensino na ilha da Madeira no dia de hoje, retomando a atividade normal na quarta-feira (07 de junho).
A Universidade da Madeira também determinou o encerramento de todos os serviços no dia de hoje.
* Notícia atualizada às 09h55