Manifestantes colocaram várias faixas onde se lia: "Reponham a estátua para integridade da fachada" e "esta fachada é património público".
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Um grupo de cidadãos realizou, esta madrugada, uma ação frente à estação ferroviária do Rossio, em Lisboa, exigindo a "reposição" da estátua de D. Sebastião, que fazia parte da ornamentação da fachada. A estátua do rei, com cerca de 130 anos, foi danificada em maio de 2016, quando um turista tentou fotografar-se junto a ela, e esta cedeu, partindo-se.
Os manifestantes, entre eles, artistas plásticos e personalidades ligadas à cultura, propõem a reposição na fachada de uma réplica da escultura da autoria de José Simões de Almeida (tio).
Segundo os manifestantes, há uma réplica da estátua no Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto, também em Lisboa. É ainda colocada a hipótese de uma nova estátua, a partir dos moldes originais que se encontram no Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado.
"Esta é uma prática comum na defesa do património, disso são exemplos a estátua de Eça de Queirós, no Largo Barão de Quintela, ou a célebre estátua de David, de Michelangelo, em Florença,[em Itália]", afirmou um dos manifestantes.
"A empresa Infraestruturas de Portugal e a CP continuam sem resolver este assunto, permanecendo o nicho central vergonhosamente vazio. Tal revela a desvalorização que estas empresas públicas, ou as suas lideranças, que deveriam servir o interesse público, têm pelo património cultural de todos nós", disse o artista Rui Mourão.
Uma petição na Internet, que já conta com mais de 300 assinaturas, exige à Infraestruturas que "na fachada da estação de comboios do Rossio recentemente restaurada seja reposta uma réplica da estátua de D. Sebastião e que se musealizem os restos da estátua partida, cuja recuperação não permite (segundo a própria empresa) remontar a estátua de novo na fachada".
A estação do Rossio foi inaugurada a 11 de junho de 1890, e está classificada como "Imóvel de Interesse Público" desde 1973 e como "património cultural" pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), "sendo considerada como uma das mais belas estações do mundo, agora amputada do seu elemento artístico principal", disse Mourão.
Como "estação central de Lisboa", a gare do Rossio foi terminal de vários comboios nacionais e internacionais de passageiros, designadamente o "Sud Express".
O escultor José Simões de Almeida (tio), autor da estátua, viveu entre 1844 e 1926, foi professor da Escola de Belas-Artes de Lisboa, e é também o autor da escultura "Vitória" no obelisco da vizinha praça dos Restauradores, e, entre outras, do Cristo existente na capela do Mosteiro dos Jerónimos, onde se encontra o túmulo de Alexandre Herculano, também na capital.