Provedora da RTP: "Ouvi a entrevista à dirigente do PAN e não vi a mesma atitude que tinha visto com Paulo Raimundo"
Questionada pela TSF, Ana Sousa Dias assumiu que tem dúvidas sobre o formato escolhido pela RTP para a série de entrevistas aos líderes políticos
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A provedora do telespectador da RTP, Ana Sousa Dias, considera que a atitude do jornalista José Rodrigues dos Santos na entrevista com a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, não foi a mesma atitude que teve na entrevista com o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo.
"A provedora só pode dar uma opinião, não é vinculativa, dar conselhos, falar com a direção de informação. Numa situação destas, poderei também eventualmente ouvir no programa Voz do Cidadão, que faço todas as semanas, ouvir todas as pessoas envolvidas. Ainda não sei o que é que vou recomendar neste caso, precisamente porque eu ontem ouvi a entrevista à dirigente do PAN e não vi a mesma atitude que tinha visto com Paulo Raimundo", disse Ana Sousa Dias questionada pela TSF.
A provedora admite ainda que o número de queixas recebidas, que já ultrapassou as mil, só tem uma comparação: "Comparável a isto só quando começa a época das touradas, não no ano passado, mas há dois anos, cheguei a receber mil mensagens num dia a exigir que a RTP transmitisse touradas. Em mais nenhum caso recebi tantos processos. Também há dois anos houve um protesto bastante intenso quando foi um cartoon a propósito da morte de um jovem em França pela polícia. Esse cartoon também provocou muitas mensagens, mas nada que se comparasse com isto."
Ana Sousa Dias quer esperar pelo fim da série de entrevistas curtas aos líderes políticos para depois dar uma opinião, mas admite que o formato escolhido deixa dúvidas.
"Já no ano passado tinha sido ensaiado e já no ano passado suscitou muitos protestos. Também ajuda a não ser tão esclarecedor para os telespectadores o facto de haver dois jornalistas que fazem, com estilos bastante diferentes um do outro, as entrevistas. Numa semana é o João Adelino Faria que está a fazer o Telejornal, na outra semana é o José Rodrigues dos Santos. Os tons não são idênticos, o que é normal, cada jornalista tem o seu estilo próprio. Isso também não ajuda. Por isso mesmo é que eu queria chegar ao fim da série e perceber qual é a eficácia e qual é a utilidade para os telespectadores destas entrevistas. [Formato deixa dúvidas?] Deixa-me dúvidas, sim", assume.
O PCP detalhou na terça-feira que iria apresentar queixas junto da ERC, da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ) devido à condução da entrevista na RTP ao secretário-geral do partido.
Na segunda-feira, o Partido Comunista tinha avançado que iria acionar "todos os meios legais" contra a RTP, denunciando que foi alvo de provocação durante uma entrevista da estação pública ao secretário-geral do partido, segundo uma publicação na rede social X.
O secretário-geral do PCP foi entrevistado na segunda-feira à noite no Telejornal, no âmbito das eleições legislativas antecipadas, que vão decorrer em maio.
Durante a entrevista, Paulo Raimundo foi questionado várias vezes sobre a posição do PCP sobre a invasão da Rússia à Ucrânia, tendo sido este o tema ao longo dos cerca de dez minutos da entrevista.