O PS acusou hoje a ministra das Finanças de «pôr em causa a dignidade» dos portugueses na sua visita à Alemanha e de ter sido instrumentalizada contra a Grécia, com o primeiro-ministro a repudiar estas afirmações.
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«O senhor é responsável, como se viu agora pelas suas intervenções, pelo papel que a ministra das Finanças se prestou a desempenhar anteontem [na quarta-feira] junto do ministro alemão, sendo totalmente instrumentalizada contra a Grécia e atuando como porta-voz do ministro alemão», afirmou o líder parlamentar socialista, Ferro Rodrigues.
Durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro, na Assembleia da República, numa troca de palavras tensa e com protestos audíveis das bancadas do PSD e do PS, Eduardo Ferro Rodrigues acusou a ministra das Finanças de alinhar com a Alemanha numa «posição radical e austeritária» e de ter atentado contra a dignidade dos portugueses ao dizer que Portugal cumpriu o memorando de entendimento com «coesão social».
O presidente do grupo parlamentar do PS afirmou que os emigrantes, os desempregados, «os jovens que tiveram de regressar para casa dos pais» ou «os idosos sem acesso a serviços de saúde e serviços de justiça» passam «por situações de dificuldade e são tratadas abaixo do limiar de dignidade».
«Acha que os portugueses apoiam as afirmações do senhor Juncker ou do ministro Marques Guedes, o que é que acha, senhor primeiro-ministro? Acha que os portugueses apoiam as posições do governo português nas reuniões europeias ou que apoiam o povo da Grécia, estas posições de se colarem às posições mais austeritárias em termos europeus?», interrogou.
Passos Coelho criticou o teor das acusações do PS, considerando que apesar de serem feitas «num tom calmo e sereno» são «inaceitáveis».
«Apesar do tom sereno com que fez estas afirmações, eu só as posso repudiar», afirmou, dirigindo-se a Eduardo Ferro Rodrigues.
«As posições que a senhora ministra de Estado e das Finanças tem adotado, em nome de Portugal e do Governo, deixam-me muito confortável e, mais do que isso, honram muito Portugal, e deixem-me dizer que não só não somos um instrumento de ninguém como a propósito da questão que referiu que é a Grécia, estamos em sintonia com 18 outros países», sustentou Passos.
O primeiro-ministro respondeu ainda com ironia a Ferro Rodrigues, que minutos antes tinha apontado o economista Vítor Bento como «antigo guru» de Pedro Passos Coelho.
«É caso para dizer, eu não sei se o senhor deputado tem um guru ou se o lugar está vazio, mas se estiver e o senhor deputado quiser ter um eu creio que o Syriza está um sério candidato a guru do senhor deputado Ferro Rodrigues, mas nesse caso eu creio que tem de combinar melhor as coisas com Bloco de Esquerda», afirmou, provocando aplausos e gargalhadas nas bancadas da maioria.