PS acusa PSD de ser "ziguezagueante" na saúde. Sociais-democratas não veem "margem para entendimento"

Miguel Pinto Luz, vice-presidente do PSD
Paulo Spranger
Os socialistas concordam com a importância de um entendimento com o PSD, mas nenhum dos partidos acredita que será possível.
O PSD não está a ver como é que pode ser possível um entendimento com o PS na área da saúde. Miguel Pinto Luz, vice-presidente dos social-democratas, considera importante o apelo do bastonário da Ordem dos Enfermeiros, Luís Filipe Barreira, para a existência de um pacto na saúde mas, ouvido no Fórum TSF, acredita que não há interesse do PS num acordo destes.
"Mas qual margem para entendimento quando o PSD veio apelar, e o setor da saúde em geral, à suspensão da lei que colocava em vigor a questão das ULS agora em janeiro e o PS fez ouvidos moucos e já está a nomear todos os presidentes do conselho de administração e todos os vogais porque é isso que lhe interessa. Há entendimento possível? Há vontade objetiva de fazer essa ponte de olharmos e colocarmos o interesse dos portugueses e dos utentes do SNS em primeiro lugar em vez de colocarmos os interesses partidários de cada um dos partidos, de cada uma das agendas, em primeiro lugar? Não, não há esse interesse e isso verificou-se claramente no Orçamento geral do Estado e nesta questão da entrada em vigor das ULS", questiona Miguel Pinto Luz.
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A resposta socialista ao PSD no Fórum TSF foi dada por Maria Antónia Almeida Santos, que sublinhou a importância de entendimentos, mas afirmou que os social-democratas contradizem-se.
"Em relação, por exemplo, ao PSD, o maior partido da oposição tem tido uma posição, de certa forma, ziguezagueante porque ainda agora estamos em plena concretização de uma reforma que vai beneficiar os portugueses, com a concentração de serviços e concentração de meios para podermos melhor servir e dar melhor acesso aos portugueses e o PSD, que toda a vida defendia esta solução, agora de repente diz que tem dúvidas", acusa Maria Antónia Almeida Santos.
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É uma reforma que passa pela criação de 31 novas unidades locais de saúde já a partir de janeiro e o PSD chegou mesmo a exigir que esta mudança não se concretizasse.
Depois das críticas de Miguel Pinto Luz, também o Bloco de Esquerda ataca o PS. Isabel Pires considera que o apelo a um pacto na saúde faz sentido e só o PS não está disponível para isso.
"A maioria do Partido Socialista não quis resolver os problemas dos profissionais de saúde e, portanto, aquilo que a experiência nos diz é que a maioria do Partido Socialista não tem estado disponível para a resolução destes problemas, porque prefere ter excedentes orçamentais em vez de utilizar este dinheiro para olhar para um dos serviços mais importantes que nós temos. Aqui o que se verifica é que o Governo não tem tido qualquer vontade de resolver nenhum destes problemas e, portanto, é difícil haver um diálogo com quem não quer resolver problemas", argumenta à TSF Isabel Pires.
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Já Mário Amorim Lopes, da comissão executiva da Iniciativa Liberal, sublinha a importância de retirar a política do debate sobre a saúde.
"O Serviço Nacional de Saúde, neste momento, está nos cuidados intensivos, está ligado às máquinas. Ninguém pode negar este facto objetivo e, portanto, eu diria que é do mais elementar bom senso que se coloque um pouco da política de lado e nos foquemos no que é verdadeiramente essencial. É como é que nós podemos garantir que temos um sistema de saúde que entrega cuidados de saúde aos portugueses, é isto que interessa. Depois, enfim, há muita luta política à volta de como é que isto deve ser feito, mas o essencial é este. Os portugueses têm que ter cuidados de saúde condignos, eficazes e a tempo e horas", defende Mário Amorim Lopes.
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No caso do PCP, o deputado João Dias defende que não é necessário qualquer pacto porque a aposta só pode ser uma: o Serviço Nacional de Saúde.
"Esta desvalorização do serviço dos profissionais de saúde só vai conduzir à privatização do SNS e é isto que nós combatemos. Se estiverem do lado da privatização do Serviço Nacional de Saúde, obviamente que o PCP não estará disponível para isso. O PCP está disponível para melhoria das condições de trabalho e melhoria do serviço público que representa o Serviço Nacional de Saúde", acrescentou João Dias.
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A TSF também convidou o Chega, mas o deputado Pedro Frazão não conseguiu conciliar o trabalho parlamentar com a entrada no Fórum.