PS ataca PSD nas jornadas socialistas: de Passos Coelho às propostas de "caridadezinha"
Para justificar o programa "Famílias Primeiro" do Governo, Ana Catarina Mendes puxou pelo programa de emergência social de Passos Coelho.
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No encerramento das Jornadas Parlamentares do PS, as primeiras com maioria absoluta, os socialistas centraram-se no maior partido da oposição. Com a presença da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, a mira esteve apontada ao legado de Passos Coelho e à "caridadezinha" do PSD.
A ministra Adjunta de António Costa, que cedeu o lugar na liderança parlamentar para ingressar no Governo, recuou aos tempos de Passos Coelho para definir as diferenças entre os governos à direita e à esquerda.
"Vale a pena fazermos a distinção daquilo que é uma governação socialista e do que é uma governação do PSD e à direita. Uma governação como a que temos vindo a fazer, olha para todas as pessoas", explicou.
E os "dados de hoje", acrescenta Ana Catarina Mendes, mostram que o PS estava certo quando "virou a página da austeridade". Ainda assim, as "contas certas" não são "uma obsessão qualquer para um défice histórico".
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"Fazem-se opções para ter contas certas, mas garantindo as respostas necessárias às urgências e aos problemas estruturais que temos. Temos que olhar para eles, olhando para o futuro", descreveu.
Numa altura em que o Governo tenta explicar as medidas de apoio às famílias, com a polémica com as pensões, Ana Catarina Mendes compara com o programa de emergência social do PSD de "2011 e 2015".
"Fiz o exercício de ir recuperar o plano de emergência social do PSD. A única novidade é que se altera o apoio das cantinas sociais, para se dar um vale alimentar. Isto não é solidariedade, é assistencialismo e uma forma como não podemos olhar para a sociedade", alertou.
A medida foi também proposta pelo PSD, para combater a inflação atual, num pacote total de 1,5 mil milhões de euros, com o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, a reafirmar que se trata de uma medida "de caridadezinha".
"Nós não olhamos para os mais vulneráveis e para os mais pobres com esta visão assistencialista, como se os mais pobres não soubessem como utilizar o rendimento disponível. Como se precisassem de uma tutela", criticou.
E a redução de impostos, como a diminuição do IRC e do IRS "para os mais ricos", não é a solução do PS, já que para haver "justiça social, tem de haver justiça fiscal".
"Quem quer crescimento económico tem de apostar na igualdade. Quem quer crescimento económico combate a pobreza e luta pela igualdade de género. Quem quer crescimento económico, não pode deixar ninguém para trás", sustentou.
Num último aviso, mas para os colegas de bancada, Eurico Brilhante Dias alertou que a maioria absoluta não pode ser encarada como "menos exigência na Assembleia da República": "O foco não é a extrema-direita, mas o combate político entre nós, que somos socialistas."