PS considera gravíssima situação na ciência e quer ouvir ministro no Parlamento
A deputada socialista Elza Pais considerou «gravíssimo» o que está a acontecer com os concursos dos bolseiros de investigação na área da ciência, acusando a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) de irregularidades no processo.
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Em causa está uma carta tornada hoje pública pelos membros do painel de avaliação das bolsas de doutoramento e pós-doutoramento da área de Sociologia, na qual sustentam que a FCT fez alterações dos resultados dos concursos.
Na missiva, o júri manifesta desagrado e indignação e alerta para as consequências das alterações feitas pela FCT.
Contactada pela agência Lusa, Elza Pais, deputada do grupo parlamentar do PS e membro da Comissão de Educação e Ciência e Cultura na Assembleia da República, sublinhou que esta área «está a ser tratada de forma indigna».
«O que está a acontecer com os concursos dos bolseiros de investigação é gravíssimo. Os ecos que temos dos investigadores é que existem grandes irregularidades. A FCT altera a classificação do júri alegando controle de qualidade, o que não se compreende, de todo», apontou.
A carta assinada pelo painel de avaliadores das bolsas de Sociologia foi enviada a Miguel Seabra, presidente da FCT, solicitando a reposição da avaliação inicial.
Para a deputada socialista Elza Pais, esta situação é «mais uma trapalhada» a acontecer na área da ciência, que considera ser reveladora da «incompetência» da entidade.
«Há falta de transparência de critérios, as regras mudam a meio do jogo e há membros do júri que têm conflitos de interesses», acrescentou a deputada sobre as informações que tem recolhido junto de investigadores.
Elza Pais considerou ainda que esta questão das irregularidades vem juntar-se a uma situação já complicada «pelos cortes brutais na área da ciência, como tem vindo a ser denunciado».
«As bolsas diminuíram na ordem dos 90 por cento, o que quer dizer que há 5.000 investigadores - 80 por cento - que vão ser impossibilitados de fazer investigação no seu país. Se quiserem fazer o seu trabalho terão de emigrar», lamentou.
Para a deputada, «este Governo está a fazer recuar Portugal 15 anos», porque o número atual de bolseiros é o mesmo dessa altura, considerando a situação «um crime social porque há todo um percurso que está a ser deitado fora e feito com o dinheiro dos contribuintes».
Face a esta situação, indicou que hoje o grupo parlamentar do PS entregou requerimentos no parlamento para ouvir os representantes dos bolseiros, nomeadamente associações e cientistas portugueses e que na quinta-feira irá entregar outro requerimento para pedir a presença do ministro da Educação e da Ciência, Nuno Crato.