PS quer "maioria absolutamente inequívoca" e prevê "momentos difíceis" com esquerda
A Comissão Nacional aprovou, com 14 votos contra, os critérios para as listas de deputados. Chumbou a proposta de diretas para a escolha de candidatos. Ana Catarina Mendes vai dirigir a campanha do PS.
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Perante a plateia da Comissão Nacional, Ana Catarina Mendes, sabe a TSF, seguiu a norma socialista de não referir a palavra maioria. Preferiu, em vez disso, usar a expressão "vitória inequívoca". Mas, mais tarde, questionada pelos jornalistas, a secretária-geral adjunta do PS subiu mais um patamar na terminologia socialista e falou em "maioria absolutamente inequívoca".
"O que estou a pedir é que os portugueses confiem no PS para continuarmos este caminho de recuperação e que haja uma maioria absolutamente inequívoca para o partido", disse Ana Catarina Mendes, a escolhida por António Costa para dirigir a campanha socialista com o apoio de Duarte Cordeiro e de Hugo Pires.
Na reunião da Comissão Nacional, a secretária-geral adjunta apelou à inclusão de jovens nas listas e lembrou a regra de 40% de representatividade de cada um dos sexos, defendendo listas "tendencialmente paritárias". Como ocorreu, há quatro anos, os candidatos vão ter que assinar um compromisso de ética.
Pelas regras aprovadas, compete ao secretário-geral a indicação de todos os cabeças de lista, e ainda "30% do número total de deputados eleitos na última eleição".
A caminho das eleições de outubro, Ana Catarina Mendes pediu "prudência" e "responsabilidade" para que "boas listas e um bom programa" levem a uma vitória nas legislativas.
Questionada pelos jornalistas sobre as recentes farpas de Carlos César aos parceiros da esquerda, a secretária-geral adjunta optou por um tom mais ameno, reconhecendo o contributo do Bloco, PCP e PEV nos resultados obtidos nesta legislatura.
"Foi para todos muito claro que, sendo o PS o maior partido na solução de Governo, sem ele não seria possível um conjunto de resultados mas também é preciso dizer que os parceiros que ao longo de quatro anos apoiaram as soluções de Governo e aprovaram os orçamentos do Estado, contribuíram para essa credibilidade", sublinhou Ana Catarina Mendes.
A TSF sabe que, na reunião, António Costa disse adivinhar "momentos difíceis" nos próximos meses com os parceiros da esquerda, situação que considerou "absolutamente normal", uma vez que estavam entendidos em relação às convergências e às divergências.
Na semana em que Carlos César, presidente e líder parlamentar do PS, foi muito crítico dos parceiros da esquerda, o secretário geral socialsta afirmou que o PS tem "uma relação saudável com PEV, PCP e BE"," complementar sem ser concorrencial".
António Costa fez, no entanto, um aviso: os socialistas não devem "aceitar" que os partidos da esquerda reclamem o mérito pelas medidas positivas e digam que foram conseguidas "contra o PS". Dito por outro modo :"Não deixar em mãos alheias os nossos próprios feitos", disse o líder do PS.
A Comissão Nacional do PS aprovou, por larga maioria, e 14 votos contra os critérios propostos pela direção para a escolha de candidatos a deputados nas eleições legislativas.
Foi, entretanto, chumbada, com apenas 23 votos a favor, a proposta apresentada por Daniel Adrião, em nome da corrente minoritária, para que houvesse eleições primárias abertas aos eleitores em geral, para a escolha dos candidatos a deputados às legislativas. A TSF sabe que entre os argumentos contra a proposta, invocados por António Costa esteve a ideia de que este método só deve ser seguido "em momentos substanciais" em que esteja em causa uma "importante disputa", recusando "lições de transparência".
Em declarações aos jornalistas, Daniel Adrião, muito crítico de Costa, durante a reunião, lembrou que o atual secretário-geral socialista foi eleito em primárias e "tinha a obrigação de dar a outros a oportunidade que teve quando usufruiu desse mecanismo" previsto nos estatutos.
No calendário socialista, o programa eleitoral será apresentado a 20 de julho, as listas de candidatos vão ser aprovadas a 23 de julho, com apresentação pública dos cabeças de lista a 27 de julho.