PS quer regresso do Porto à Associação de Municípios. "Não ganhou nada com a saída"
Tiago Barbosa Ribeiro diz que a gestão de Rui Moreira na autarquia falhou na mobilidade, apoios sociais e habitação. Apenas a reabertura do mercado do Bolhão é digna de aplauso.
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No dia que marca um ano desde a tomada de posse de Rui Moreira para o terceiro e último mandato como presidente da Câmara Municipal do Porto, o líder da concelhia do Partido Socialista na cidade, Tiago Barbosa Ribeiro, assegura que o PS respeita, sobretudo, a decisão dos eleitores.
"Os partidos, os políticos de uma forma geral, não são donos dos eleitorados", lembra, em declarações à TSF. "Em cada eleição é preciso apresentar o programa, disputar o eleitorado e ter os votos correspondentes. Portanto, ao longo dos últimos anos, o PS tem tido o seu próprio eleitorado e não tem tido eleitorado suficiente para ganhar as eleições no Porto, que têm sido nas últimas três eleições ganhas pelo Dr. Rui Moreira.
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O líder da concelhia socialista do Porto garante que, mesmo assim, o PS continua a ser o partido que mais se esforça por ser alternativa.
"O PS tem sido o partido - ao longo deste ano - que tem vindo a apresentar mais propostas, mais recomendações, mais medidas na Câmara Municipal do Porto. Recentemente apresentamos 15 medidas para combater o aumento de preços e o aumento do custo de vida com impacto municipal, apresentamos mais de 30 propostas para o orçamento municipal e temos vindo a apresentar propostas nas mais diferentes áreas, na habitação, na mobilidade, no ambiente, na coesão social... áreas que para nós são críticas e que procuram mostrar diferença que faria, ou fará, neste caso, o PS na governação da cidade."
Essa diferença já se notou, inclusive, quando os socialistas mantinham "um acordo de parceria" com Rui Moreira, considera Tiago Barbosa Ribeiro: "Tivemos dois pelouros muito importantes na área da coesão social, habitação e urbanismo e creio que foram evidentes os resultados muito positivos para a cidade desse trabalho dos eleitos socialistas no executivo municipal."
Outra garantia é a de que, com o PS, o Porto regressa à Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), que Rui Moreira rejeita.
"O Porto hoje em dia não tem canais de comunicação e de articulação com os outros municípios onde se tem discutido, e bem, o processo de descentralização desde logo, mas muitos outros dossiês no âmbito do orçamento do Estado para 2023, do fundo de apoio municipal e muitos outros que devem ser discutidos no âmbito da Associação Nacional de Municípios e não fora dela, porque é impossível ao governo estabelecer canais bilaterais com os municípios, que seria absolutamente impraticável e ingerível."
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"Nós manifestamo-nos contra essa saída, mas em qualquer momento é possível, com outro quadro político na cidade, voltar a colocar o Porto na Associação Nacional Municípios, que será obviamente uma opção do Partido Socialista."
A reabertura do mercado do Bolhão é, reconhece Tiago Barbosa Ribeiro, a grande marca da gestão de Rui Moreira.
"Creio que foi algo muito distintivo e positivo para a cidade, algo pelo qual o PS sempre se bateu. Aliás, quando tivemos responsabilidades no município, foi o vereador e arquiteto Manuel Correia Fernandes que lançou o concurso e que esteve envolvido, antes disso, na contestação ao processo de privatização do mercado, digamos assim, que seria a concretizado pelo Dr. Rui Rio e foi travado por uma grande mobilização da cidade e depois no concurso que permitiu a reabilitação e, há um mês, a reabertura do Bolhão.
Por outro lado, os grandes pecados a gestão de Rui Moreira, são a mobilidade, os apoios sociais, e a habitação, considera Tiago Barbosa Ribeiro.
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"Para quem trabalha e para os jovens é virtualmente impossível, hoje em dia, viver no Porto. A não ser que se herde uma casa ou que se tenha determinado tipo de rendimentos é impossível arrendar ou comprar casa no Porto e constituir família no Porto, ter filhos no Porto. É impossível porque a cidade não tem vindo a dar essas garantias e essas possibilidades aos portuenses e, convenhamos, depois de quase uma década do atual poder municipal teriam de ter sido encontradas soluções - e não desculpas - ou remeter permanentemente para o Estado central - tal como outras autarquias têm vindo a apresentar soluções. Isso não foi feito", condena.