O secretário-geral do PS acusou hoje o Governo de «enfraquecer o consenso politico» ao enviar para Bruxelas dados que não apresentou na Assembleia da Republica.
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À margem de uma conferência em Braga evocativa do Dia da Europa, António José Seguro reafirmou que o PS voltará a apresentar a «adenda» ao tratado orçamental europeu com «medidas concretas de crescimento» dando uma «segunda oportunidade» ao Governo de «mudar a agulha».
Confrontado com a notícia, avançada pelo Diário Económico, de que o Governo apresentou em Bruxelas números relativos ao desemprego em Portugal que não apresentou ao Parlamento, António José Seguro adiantou estar «incrédulo» e «surpreendido».
«O Governo tinha o compromisso de apresentar no Parlamento qualquer documento antes de o enviara para Bruxelas», defendeu.
A confirmar-se este facto, Seguro considerou que esta atitude do Governo liderado por Passos Coelho «é uma falta de respeito pelo parlamento» com consequências na política interna.
«Isto significa um enfraquecimento e uma quebra no consenso político que tem existido no nosso país», considerou o líder socialista.
António José Seguro exigiu que Passos Coelho «assuma responsabilidades perante esta situação» que, considerou, «é grave», representando uma «falta de sentido de Estado».
O secretário-geral do PS reafirmou ainda a vontade do partido voltar a apresentar a «adenda» ao tratado europeu, que o Governo recusou no passado, com "medidas de crescimento" porque, apontou, o desemprego «só se contraria com políticas de crescimento económico».
Esta proposta de adenda, acrescentou, «é para dar uma segunda oportunidade ao Governo para que o país possa trabalhar em conjunto numa política de entendimento».
Segundo Seguro, «é inaceitável que o Governo não mude de agulha».
Afirmando estar «muito preocupado» com os números avançados sobre o desemprego, Seguro adiantou que deixou o «aviso» ao Governo sobre o resultado de medidas de «excessiva» austeridade.
«Desde o inico que este Governo aplicou uma receita de austeridade excessiva e eu avisei priemiro-ministro que essa receita conduziria a um aumento do nível de desemprego no nosso país».