PS sem maioria absoluta? "PAN pode fazer a diferença", mas com "acordos escritos"
No Fórum TSF, André Silva admitiu que o PAN está disponível para negociar com todos os partidos e que tem "dialogado com partidos do centro direita e centro esquerda". O porta-voz do PAN recusou a ideia de que o seu partido apenas se preocupa com os animais.
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Na perspetiva de uma vitória do PS sem maioria absoluta, o "crescimento do PAN pode fazer a diferença" e isso "incomoda outros partidos e certos setores económicos".
À pergunta de Manuel Acácio, no Fórum TSF, "Espera um telefonema de António Costa na noite de 6 de outubro?", André Silva diz que aceitará o telefonema de qualquer partido no rescaldo das Legislativas, já que vários partidos têm reconhecido o trabalho do PAN. Certas medidas, como a inclusão de técnicos de língua gestual e nutricionistas nos hospitais, a tara de garrafas de plástico e a eliminação do prazo internupcial, que o PAN sugeriu, só foram concretizadas com o apoio de outros partidos.
No entanto, o PAN só aceitará um compromisso firmado em papel. "Não me parece que haja acordos sensatos sem papéis escritos."
"Que tipo de acordo consideraria?", questiona ainda Manuel Acácio. "Não me parece que haja acordos sensatos sem papéis escritos, mas parece-me que os próximos acordos serão feitos orçamento a orçamento", refere André Silva.
Não devemos ser sectários e debater ou negociar só com a esquerda ou só com a direita.
Estes acordos "poderão, ou não, integrar o PAN", já que "com apenas um deputado conseguimos a fazer aprovar várias medidas", argumenta André Silva. Para o porta-voz do PAN, os objetivos só se conseguem com mais deputados.
Sobre o possível parceiro de Governo, o candidato pelo PAN critica a postura do PS quanto à morte medicamente assistida. André Silva acusa o PS de não incluir a eutanásia no seu programa eleitoral apesar da quase unanimidade dentro do partido para aprovar morte assistida. Isto deve-se, de acordo com o porta-voz do PAN, o PS quer chegar a mais gente e, por isso, não a inclui no programa.
André Silva afasta-se do PSD por outros motivos, mas não descarta um acordo com qualquer um dos partidos. Questionado sobre uma possível coligação com o PSD, o candidato pelo PAN refere que tem havido um distanciamento que se deve apenas à postura dos sociais-democratas.
André Silva argumenta que o PAN votou favoravelmente em 60% das propostas dos laranjas no Parlamento e o PSD votou positivamente em apenas 20% das medidas que o Pessoas-Animais-Natureza sugeriu.
Aliás, PS, PSD, CDS e PCP são os "partidos do costume" do chumbo, de acordo com o representante partidário, estes quatro partidos chumbaram diversas propostas referentes à limitação de matilhas de caça e de apostas nas áreas protegidas, de forma a desenvolver o interior e aumentar os postos de trabalho nessas zonas.
"O PAN tem dado mostras de responsabilidade nos últimos quatro anos e tem dialogado com partidos do centro direita e centro esquerda. Entendemos que para fazer avançar políticas no nosso país não devemos ser sectários e debater ou negociar só com a esquerda ou só com a direita."
Quando estamos a falar de defesa do ambiente, dos ecossistemas, estamos a falar no bem-estar, na saúde das pessoas. É impossível existir economia sem ambiente.
Voto no PAN é voto de protesto?
Sobre as sondagens mais recentes, André Silva considera "natural" que os valores variem de dia para dia. O que é significativo, para o porta-voz do PAN, é o crescente reconhecimento do partido.
Manuel Acácio questiona André Silva sobre se receia receber "votos de protesto", em vez de votos convictos no PAN. À pergunta, o candidato argumenta que se congratula com a abertura dos votos a partidos menores.
A ideologia do PAN esteve também em pauta, já que vários ouvintes quiseram saber, junto de André Silva, se o Pessoas-Animais-Natureza se focava apenas nas causas dos animais e esquecia os problemas das pessoas. "Quando estamos a falar de defesa do ambiente, dos ecossistemas, estamos a falar no bem-estar, na saúde das pessoas. É impossível existir economia sem ambiente, existir economia sem habitats." André Silva volta a negar focar-se mais no bem-estar animal do que no das pessoas. Para o candidato, "visões completamente novas para a sociedade" implicam proibições.
"Proibir" (14 vezes) e "impedir" são palavras muito utilizadas no programa eleitoral do PAN, lembra Manuel Acácio a André Silva.
O porta-voz do PAN, apesar de referir que o seu partido não é proibicionista, considera que o pioneirismo das suas ideias pede que se proíbam ações que são prejudiciais e que outros partidos ainda não assumem como graves.
80% dos gases com efeitos de estufa que advêm de toda a agricultura são provenientes da produção animal.
"Proibir a passagem de frente para um sinal STOP." André Silva compara a proibição do código da estrada a outras, que também salvam vidas.
À pergunta de um ouvinte desiludido, André Silva diz ser "inegável" o trabalho que o partido tem vindo a fazer ao longo de quatro anos, em comissões e audiências. O porta-voz do PAN refere que é "manifestamente impossível" com um deputado apenas chegar a todos os movimentos.
"Defender os animais em nada colide com a defesa das pessoas. São causas paralelas", garante André Silva, que diz querer desenvolver o interior, a agricultura biológica e a floresta autóctone, contra a plantação intensiva do eucalipto. André Silva defende que a defesa dos habitats gera emprego e riqueza, pelo que favorece "as causas das pessoas".
Questionado sobre a floresta, André Silva reitera que os últimos Governos têm-se focado num "desenvolvimento económico sem regras sem ter em conta o futuro e a sustentabilidade dos recursos".
O porta-voz do PAN quer que as atividades relacionadas com os recursos naturais sejam regulamentadas para inverter as tendências de "solo desertificado, num contexto de alterações climáticas", utilização de "fertilizantes cada vez mais intensiva" e plantação de olival intensivo.
"Reduzir significativamente a produção de proteína animal" é um dos maiores objetivos que o Pessoas-Animais-Natureza quer concretizar através da carga fiscal aplicada a atividades poluentes. "80% dos gases com efeitos de estufa que advêm de toda a agricultura são provenientes da produção animal. Quando falamos de aquecimento global e de emissões com efeito de estufa, é indiferente a origem, todos seremos afetados."
Continuo a defender o que defendia há quatro anos. Como quando jogamos Monopólio, deveríamos estar todos na casa de partida e com as mesmas condições.
E o interior?
146 páginas de programa eleitoral não referem medidas exclusivamente dedicadas ao interior. O apontamento é dado por Manuel Acácio, e André Silva logo responde: "Nem ao interior, nem ao litoral."
"A única referência é feita ao nível da reabilitação de casas", observa Manuel Acácio.
No entanto, André Silva defende que a reconversão da agricultura para a biológica, os painéis fotovoltaicos referidos para substituir carvão e as medidas para melhorar o SNS são essencialmente para se aplicar ao interior.
Tancos "não é tema de campanha"
André Silva reafirma "as especulações várias" e a "opacidade" em que o caso Tancos tem estado envolvido.
O porta-voz do PAN acredita que esta especulação pode prejudicar a imagem do Presidente da República, mas afasta o tema da arena da campanha.
Ainda assim, a fuga de informação e a judicialiazação da política preocupa o PAN, garante André Silva. "Casos como este devem ser resolvidos com tribunais mais céleres e com técnicos mais especializados."
"Entrámos na Assembleia da República sem cobertura mediática"
A campanha do PAN tem agora amplitude nos órgãos de comunicação, mas nem sempre foi assim. Um militante do RIR questiona André Silva sobre a falta de presença dos partidos mais pequenos nos debates dos grandes e se o porta-voz do PAN algo fez contra isto.
"Continuo a defender o que defendia há quatro anos. Como quando jogamos Monopólio, deveríamos estar todos na casa de partida e com as mesmas condições", alega.
No entanto, André Silva defende que cada órgão de comunicação terá o seu critério editorial, e refere que o PAN entrou no Parlamento sem cobertura mediática e que esta continua a ser desigual. "Apresentem medidas que os portugueses considerem relevantes", aconselha.