PSD e CDS aprovam sozinhos comissão para a reforma do Estado que toda oposição recusa integrar
A maioria PSD/CDS-PP aprovou hoje a criação de uma comissão parlamentar eventual para a reforma do Estado, com os votos contra de toda a oposição, incluindo o PS, partidos que já tinham anunciado que não aceitavam integrar a comissão.
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Em declarações aos jornalistas, na Assembleia da República, os líderes parlamentares da maioria PSD/CDS-PP recusaram-se a adiantar, para já, o que pretendem fazer se a oposição mantiver a decisão de não integrar essa comissão.
A constituição de uma Comissão Eventual para a Reforma do Estado foi hoje aprovada pelo PSD e pelo CDS-PP, com os votos contra do PS, PCP, BE e PEV.
O líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro defendeu que todos os grupos parlamentares têm o dever perante o eleitorado de integrar as comissões do parlamento, indicando deputados para o efeito.
Luís Montenegro apelou à oposição para que aproveite esta «última oportunidade» para mudar de posição. «Queremos acreditar que os partidos da oposição vão cumprir as suas obrigações perante os eleitores», disse.
O líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, acrescentou que está convicto de que o PS irá reponderar a sua posição.
Apesar de manifestarem esperança numa inversão de posição por parte do PS, os dois líderes parlamentares da maioria PSD/CDS-PP não deixaram de criticar os socialistas, acusando-os de estarem numa atitude de «boicote» ao debate da reforma do Estado.
Luís Montenegro considerou mesmo que o PS está a encenar uma «grande farsa» ao declarar querer debater a reforma do Estado, quando «não quer».
Quanto à constituição da Comissão Eventual para a Reforma do Estado sem o acordo da oposição, reclamaram tratar-se de uma decisão «legítima e democrática», com o objetivo de não «carregar os trabalhos» das comissões permanentes do parlamento.
Os líderes parlamentares do PSD e do CDS-PP alegaram que essa decisão vai ao encontro do modelo que os socialistas tinham proposto para debater a reforma do Estado.
«Aceitámos todas as propostas do PS, como ainda fomos mais longe do que o PS queria», disse Nuno Magalhães, considerando que esta «era uma boa oportunidade para dizer que a maioria cedeu ao PS, que a maioria capitulou às propostas do PS».