
A Assembleia Legislativa da Madeira
Helder Santos/Aspress / Global Imagens
O deputado do PSD Carlos Rodrigues afirmou que o percurso da autonomia na região tem sido "difícil, pedregoso, lento e sinuoso".
A maioria PSD/CDS-PP na Assembleia Legislativa da Madeira elogiou esta terça-feira o desenvolvimento "tremendo" da região após o 25 de Abril, enquanto os partidos da oposição fizeram inúmeras críticas à governação regional.
Discursando na sessão comemorativa do 49.º aniversário do 25 de Abril da Assembleia Legislativa da Madeira, o deputado do PSD Carlos Rodrigues afirmou que o percurso da autonomia na região tem sido "difícil, pedregoso, lento e sinuoso, farto em obstáculos e reticências, colocadas sempre por terceiros".
O social-democrata apontou que "os maiores adversários desta enorme e formidável conquista dos madeirenses são todos aqueles que imobilizaram e condenaram o país à estagnação fétida", defendendo que a autonomia "só poderá evoluir rumo à interferência mínima e residual do Estado".
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"Queremos decidir tudo o que tenha a ver com o nosso território, sem limites, a não ser os que são impostos pela soberania nacional e segurança interna. À parte destas questões, tudo, mas mesmo tudo, só a nós cabe decidir. Porque é que nos impedem? Quais são os ganhos deste sistemático e incompreensível, bloqueio?", questionou.
"Ainda assim, fomos capazes de promover um desenvolvimento tremendo", considerou Carlos Rodrigues, dando como exemplos os avanços na educação, saúde, economia, inovação e emprego.
O deputado acrescentou que, ao nível da fiscalidade, "é na Madeira que as empresas pagam os impostos mais baixos" e sete em cada oito famílias dispõem das mais baixas taxas de IRS do país".
No mesmo sentido, o deputado do CDS-PP António Lopes da Fonseca defendeu que o Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP, "está a governar bem" e em prol dos interesses da população, ao contrário do Governo da República.
"Tudo o que acontece no continente português nós não queremos para a nossa região", afirmou.
O líder do PS/Madeira, o maior partido da oposição no parlamento madeirense, salientou que, na região, "a democracia e a liberdade estão longe de ser aquelas com que os obreiros de Abril sonharam e vivem aprisionadas sob o jugo de um Governo Regional com tiques absolutistas".
"Um regime bafiento e ultrapassado que não olha a meios para sobreviver, mesmo que para isso não tenha qualquer pejo em passar por cima de tudo e de todos", afirmou Sérgio Gonçalves.
O deputado disse também que a maioria parlamentar PSD/CDS-PP "por várias vezes já confessou" estar na Assembleia Legislativa "apenas para defender o executivo e não os madeirenses e porto-santenses".
O socialista reforçou que a ação dos sociais-democratas "colocou a região na cauda do país no que se refere a diversos indicadores sociais, o que faz deste um Governo que não serve a Madeira nem serve para a Madeira".
Pelo JPP, Paulo Alves criticou os "investimentos em betão em vez dos investimentos prioritários, como a saúde e a educação".
O eleito lamentou os "milhões e milhões de euros" gastos "sem o rigor imprescindível na aplicabilidade dos dinheiros públicos".
Por seu turno, o deputado único do PCP, Ricardo Lume, realçou que o direito à habitação e à saúde são alguns dos valores da revolução de Abril que a maioria PSD/CDS-PP, na região, e o PS, no Governo da República, põem em causa.
O comunista sublinhou também a necessidade de "substituir a política de exploração e empobrecimento por uma verdadeira política alternativa".
Após a sessão, o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, defendeu, em declarações aos jornalistas, que o discurso do PS foi "descabido e miserável", acusando Sérgio Gonçalves de dizer um conjunto de "inverdades".
A sessão comemorativa do 49.º aniversário do 25 de Abril da Assembleia Legislativa da Madeira contou com a presença do presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, do secretários regionais da Educação (Jorge Carvalho) e da Economia (Rui Barreto), e de todos os partidos com representação parlamentar (PSD, CDS-PP, PS, JPP e PCP).
Estiveram também representantes dos refugiados ucranianos na Madeira, país cujas cores estiveram representadas num conjunto de flores colocadas no parlamento regional entre os cravos vermelhos.