"Facilitação política." PSD critica Marcelo por defender ida de Centeno para o BdP
O PSD está contra a ida de Centeno para governador do Banco de Portugal, mas rejeita proposta do PAN que trava nomeação.
Corpo do artigo
O vice-presidente do PSD Nuno Morais Sarmento criticou, numa conferência de imprensa na manhã desta quinta-feira, as palavras do Presidente da República que considerou "incompreensíveis". O social-democrata referia-se à posição de Marcelo Rebelo de Sousa quando defendeu que já houve outros casos em que ministros das Finanças transitaram para o supervisor da banca.
"Sem comprometer o PSD naquilo que vou dizer agora, para mim de todas as declarações que foram feitas a mais incompreensível é a do Presidente da República. Esta é uma questão política, mas também jurídica, o Presidente da República é também um insigne mestre de Direito. É para mim absolutamente incompreensível como é que, apenas por razões políticas, faça tábua rasa da existência de regimes absolutamente distintos antes e depois de 1998", atirou Morais Sarmento.
Na leitura do vice-presidente do PSD, Marcelo terá feito uma "gaffe" e uma "referência infeliz" quando referiu as nomeações para o Banco de Portugal feitas durante a ditadura.
""Só se for por razões de facilitação política", respondeu Morais Sarmento depois de ter sido questionado sobre o significado político que atribui a estas declarações do Presidente da República.
O PSD insiste que é desfavorável à escolha de Mário Centeno para governador do Banco de Portugal, mas considera que "é uma escolha que o Governo não deve fazer, mas que no quadro da lei pode fazer".
"A nossa posição é clara e já a comunicámos ao Governo: é uma posição desfavorável à escolha de Mário Centeno: é uma escolha desaconselhável, não traz clareza nem reforça solidez do sistema, é uma escolha que não faríamos e com que não concordamos"
Apesar de o PSD ter votado a favor na generalidade, uma proposta do PAN que tenta impor um período de nojo de cinco anos, Morais Sarmento diz agora que só aceitará manter esse sentido de voto se o prazo passar de cinco para dois anos e só for aplicado a processos futuros.
"Não somos favoráveis à justiça legislativa revolucionária que se traduz em leis 'ad hominem', como se pretende em iniciativas legislativas que se destinam a impedir a concreta escolha do professor Mário Centeno, que visam não mudar as regras a meio do jogo, mas no fim do jogo", criticou o vice-presidente do PSD.