O antigo líder da JSD anunciou que não será candidato à presidência do PSD e defendeu que Luís Montenegro "tem condições para congregar" apoios para um novo projeto político no partido.
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Pedro Duarte, antigo líder da Juventude Social Democrata (JSD) e fundador do movimento cívico Manifesto X, garantiu que não irá candidatar-se à presidência do Partido Social Democrata (PSD).
Em declarações aos jornalistas, à margem de um pequeno almoço organizado pela Câmara de Comércio Americana em Portugal, em Lisboa, Pedro Duarte afirmou, no entanto, que o partido precisa de "novos protagonistas", embora manifeste "apreço pelo empenho" do atual líder Rui Rio.
"Estou e estarei empenhado em ajudar o meu país por via de uma grande renovação dentro do PSD e estou disponível para apoiar e poder participar nesse processo de mudança, mas isso não passa por qualquer ambição ou projeto pessoal da minha parte. Neste cenário, não coloco a hipótese de me candidatar à liderança do PSD", declarou.
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Questionado se irá apoiar uma provável candidatura do antigo líder parlamentar Luís Montenegro, o antigo secretário de Estado da Juventude considerou a questão ainda prematura, mas acabou por manifestar a sua posição.
"É importante que se diga que era bom que se gerasse dentro do PSD um consenso suficiente em torno de uma equipa e de um líder que pudesse ter essas condições e hoje parece-me absolutamente inequívoco que Luís Montenegro, tendo essa vontade, tem condições para congregar esse novo projeto político dentro do PSD", afirmou.
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Em junho, Luís Montenegro marcou presença na apresentação da plataforma cívica Manifesto X, fundada por Pedro Duarte -- que no verão do ano passado tinha admitido uma candidatura à liderança do PSD, que agora afastou.
Hoje, questionado sobre os resultados do PSD nas eleições de domingo, em que obteve 27,9% dos votos, Pedro Duarte considerou que o problema do partido "não é apenas desta eleição" e defendeu que, mais do que fazer "uma caça às bruxas ou apontar responsabilidades", os sociais-democratas deverão "olhar para o futuro".
"O partido deve agradecer com muita consideração e apreço o empenho do líder Rui Rio", afirmou, considerando que caberá "ao próprio" a decisão se deverá ou não demitir-se.
Ainda assim, o antigo líder da Juventude Social Democrata considerou que "olhar para o futuro implica construir um novo projeto político que seja mais próximo das pessoas, de falar dos novos temas, o que implica novas ideias e novos protagonistas".
Pedro Duarte escusou-se também a dizer se a direção do partido deverá acelerar o calendário interno -- se tal não for feito, as diretas deverão realizar-se em janeiro e o congresso em fevereiro do próximo ano.
"Acho que devemos respeitar a decisão e os 'timings' do presidente do PSD (...) O dr. Rui Rio mesmo que não continue como presidente é uma figura que tem um papel a desempenhar na vida política portuguesa e pode ser um auxílio muito grande para a vida do partido e do país", afirmou.
Questionado se o PSD pode ajudar na estabilidade política na próxima legislatura, Pedro Duarte considerou que o PS "tem todas as condições de encontrar apoios para governar" e recordou, no passado, situações em que os sociais-democratas viabilizaram governações socialistas e seus orçamentos.
"Num caso acabámos num pântano e com uma entrada na moeda única para a qual não nos preparámos adequadamente e no outro acabámos com a pré-bancarrota com o engenheiro Sócrates", afirmou.
Defendendo que o PSD deve ter "um enorme sentido de responsabilidade e olhar para o interesse do país sempre em primeiro lugar", o antigo governante considerou que, por vezes, tal "não passa por dar cheques em branco a governações socialistas".