Depois de o PS ter recusado submeter o cenário macroeconómico à análise da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), também a maioria rejeita fazer o mesmo com as propostas que venha a apresentar.
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O PSD fala em "igualdade de tratamento". À semelhança do PS, a maioria também recusa submeter futuras propostas à UTAO.
A recusa do Partido Socialista em submeter o documento elaborado por um grupo de economistas à análise da UTAO foi firmada na parte da manhã, durante a Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, onde a maioria não obteve o acordo dos socialistas e acabou por retirar o requerimento [que sugeria a análise da UTAO], defendendo que o mesmo implicava o acordo do PS.
Durante a tarde, no parlamento, o deputado social democrata Duarte Pacheco defendeu que, se os socialistas não deixam que a UTAO analise o documento que vai servir de base ao programa de governo de António Costa, também a maioria não deve submeter propostas futuras a uma análise da unidade: "O PS não quer que o seu seja analisado e, portanto, faz com que os outros depois também não venham a ser. Temos de garantir igualdade de tratamento".
"Se o Partido Socialista aceitasse, decerto que os partidos da maioria estariam disponíveis para que os pressupostos do seu programa fossem analisados por uma unidade independente", acrescentou.
Duarte Pacheco que disse ainda que a recusa do PS em submeter o documento "Uma Década para Portugal" a uma análise da Unidade Técnica de Apoio Orçamental tem apenas uma justificação: "O receio [por parte do PS] de os seus pressupostos serem facilmente destruídos".
Pelo CDS-PP, a deputada Cecília Meireles considera que "faz sentido" que os socialistas, ao apresentar o cenário macroeconómico, o sujeitem à análise, para que se perceba se algumas medidas podem ou não vir a ser "gravosas" para as contas públicas.
A deputada centrista defende ainda que, ao recusar a análise, os socialistas temem que os portugueses fiquem a conhecer os riscos inerentes ao cenário apresentado pelo grupo de economistas: "Teme essa análise técnica, teme que os portugueses fiquem a saber quais os riscos e pressupostos por baixo daquele cenário".
Na comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, a maioria apresentou um requerimento em que pedia a análise ao documento coordenado pelo economista Mário Centeno, mas apenas em caso de concordância por parte do PS. Duarte Pacheco justificou a decisão argumentando que, para fazer a análise, os técnicos da unidade precisariam de "colaboração dos proponentes", neste caso o PS que, estando contra a análise, não iria colaborar de forma satisfatória com os técnicos da unidade.
O secretário-geral do PS, António Costa, já confirmou que a maioria das medidas apresentadas no cenário macroeconómico [que vai servir de base ao programa eleitoral do PS] vai fazer parte do programa de governo socialista: "Com grande probabilidade, 95% das medidas", disse, num debate promovido pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG).
A maioria PSD/CDS ainda não anunciou uma data concreta para apresentação do programa eleitoral.