PSD trava PSD. Sociais-democratas juntam-se à esquerda e travam proposta de Moedas
A proposta do Executivo de Carlos Moedas, que previa dezenas de aditamentos a contratos-programa da SRU, foi chumbada pela Assembleia Municipal de Lisboa com o PSD e a IL a juntar os votos à maioria de esquerda.
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"Este não é o modelo que sufragamos, esta não é a vontade que os Novos Tempos representam." Foi assim que o PSD se referiu à proposta já aprovada pelo Executivo de Carlos Moedas, mas que esta terça-feira a bancada do PSD decidiu travar, na Assembleia Municipal de Lisboa (AML).
Em causa estavam dezenas de alterações e aditamentos a compromissos anteriormente assumidos a contratos-programa da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU).
Foi o primeiro "desentendimento" da coligação Novos Tempos, nove meses depois de tomar posse. Os vereadores do PSD e do CDS aprovaram o documento em reunião de câmara, na quinta-feira, mas a proposta foi agora chumbada pela AML, com os votos contra do Bloco de Esquerda, PEV, PCP, Livre, Chega e do presidente da junta de Freguesia de Benfica, Ricardo Marques (PS), a abstenção dos deputados independentes do PS, PAN, IL, PPM e PSD. Só o CDS, o MPT e o Aliança votaram a favor.
A discussão do ponto nove da ordem de trabalhos fez o líder da bancada social-democrata, Luís Newton, subir ao púlpito para "repudiar o modelo de gestão da SRU" com o qual o "PSD não concorda". E, nem a passagem da SRU para as mãos da vereadora social-democrata Filipa Roseta, que se mostrou "disponível para manter "a transparência", foi suficiente para inverter a posição do PSD sobre o aditamento.
A vereadora assume agora a pasta da habitação da cidade e acumulou, por inerência, o cargo de administradora não-executiva da SRU.
No púlpito, Luís Newton vincou: "Há compromissos que foram elaborados, a Câmara Municipal de Lisboa terá que ser sempre uma pessoa de bem, e tem que cumprir com esses compromissos.
"Continuamos a verificar que não estão a ser implementadas quaisquer mudanças de fundo no modelo operacional e de gestão da própria SRU e isso é algo que nos continua a preocupar", acrescentou Luís Newton.
Já o Partido Socialista, pela voz da deputada Carla Madeira, mostrou-se "perplexo e preocupado" com uma proposta que diz "diminuir o investimento em equipamentos sociais e em habitação na ordem dos 22 milhões de euros".
A aprovação da proposta faria cair projetos como o Centro Intergeracional das Garridas, o centro de saúde da Ribeira Nova, o centro de saúde de Telheiras e as escolas Passos Manuel, Fernanda de Castro e Miguel Bombarda. Além da diminuição do investimento na habitação que se traduziria em menos cem fogos no plano da SRU.