Petição contra grandes superfícies comerciais abertas ao domingo já ultrapassa as 80 mil assinaturas. Deputados vão ter de discutir o assunto.
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Já ultrapassou as 80 mil assinaturas a petição contra a abertura das grandes superfícies comerciais ao domingo. Um tema antigo, que ganhou força na Páscoa com a proposta do Bispo do Porto, e que irá até ao Parlamento, graças a uma petição que estava na internet há cerca de cinco anos e que 'explodiu', em assinaturas, depois das palavras do responsável da Igreja Católica.
O antigo ministro da Economia, Daniel Bessa, conhece bem o tema. Foi a gota de água que o levou a demitir-se quando, em 1996, estava há cerca de uma ano no primeiro Governo de António Guterres.
Passados 23 anos, o ex-governante admite à TSF que ninguém sai de um Governo apenas por causa de uma coisa, mas esta foi o fator decisivo.
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Na altura, as grandes superfícies ainda fechavam ao domingo, mas a ideia era mudar. "O primeiro-ministro tinha assumido o compromisso de abrir de manhã, o ministro não sabia, mas o seu secretário de Estado sabia. Durante uns meses, andámos entretidos a dizer coisas diferentes, com o ministro enganado", recorda.
"Quando foi tomada a decisão de fechar [os centros comerciais] de tarde, o ministro, que tinha andado a dizer o contrário, não tinha outra hipótese senão ir embora", continua Daniel Bessa.
Hoje, o economista diz que, por princípio, é a favor da abertura dos supermercados e centros comerciais ao domingo, durante todo o dia, não temendo efeitos sobre o pequeno comércio - problema muito levantado na década de 1990, mas que hoje mal se discute.
O objetivo, explica, é "que cada um possa fazer o que quiser: quem quer ir à praia vai à praia, quem quer ir fazer um piquenique faz um piquenique e quem quer ir às compras vai às compras - até porque nem todos têm muito tempo para o fazer no resto da semana".
Apesar destas declarações, Daniel Bessa não coloca de parte os argumentos do Bispo do Porto, que "quer fechar porque acha que faz sentido por razões de civilização e do modo das pessoas viverem a sua vida e passarem o seu tempo". Razões que podem fazer sentido se a maioria dos portugueses, de facto, não quiser ir às compras ao domingo.