"Quando acabarmos de limpar, já tem de ser limpo outra vez"

O concelho de Mortágua foi parcialmente afetado pelo incêndio de 15 de outubro, mas a mancha verde ainda é considerável, por isso são vários os mortaguenses que estão há várias semanas a limpar a floresta.

audio TSF\audio\2018\03\noticias\15\15_mar_miguel_midoes_longa Ouça aqui a reportagem de Miguel Midões em Mortágua

A TSF falou com Adelino Dionísio, proprietário de várias parcelas de terreno neste concelho. Tem ainda muitas dúvidas e discorda da pressão que está a ser criada à volta da necessidade de limpeza. Considera que é impossível limpar tudo até ao final do dia de hoje, e que a limpeza dos seus terrenos pode demorar mais meio ano. Espera ainda que o governo dê o exemplo e limpe a floresta que lhe pertence.

Adelino Dionísio é da aldeia de Vila Moinhos, em Mortágua. Já limpou muitos terrenos, tem outros tantos para limpar. "Nem daqui a um ano está tudo feito. É difícil limpar a floresta. Quando acabarmos de limpar, atrás de nós já tem de ser limpo outra vez. E dá muita despesa".

Na limpeza dos terrenos começou pelos que estão próximos das casas, que surgiram quando os terrenos e o arvoredo já lá estava.

Para o dinheiro gasto com a limpeza e a perda de rentabilidade da floresta, Adelino Dionísio até já tem a solução. "Deviam dizer-nos para cortar mas indemnizar-nos porque continuamos a pagar o IMI dos terrenos", diz.

E a dúvida e a indignação continua com a limpeza da floresta nas bermas das vias florestais. "Nas estradas principais temos de limpar 10 metros para cada lado, mas quem é que nos vai pagar esse terreno? Tirámos licenças, a câmara autorizou, temos tudo arborizado, e agora vamos ficar sem 20 metros, continuamos a pagar o IMI, temos de roçar o mato e não temos rentabilidade do terreno. Não sei que leis são estas", afirma.

Para limpar todas as parcelas que tem, muitas de pequena dimensão, pode demorar meio ano, e com o tempo de chuva. Adelino Dionísio prevê que daqui a meio ano esteja tudo a precisar de novo de limpeza.