Quando é que a EN125 volta a ser azul? Petição para a requalificação é debatida no Parlamento
O Movimento de Cidadania Utentes da EN125 conseguiu quase 8 mil assinaturas para uma petição que será discutida esta quinta-feira na Assembleia da República. Pela "dignidade e segurança" desta estrada, onde se registam diariamente acidentes.
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No verão passado começaram as obras de emergência da EN125, anunciadas pelo Governo. Foram realizadas numa extensão de cerca de 40 quilómetros, entre Olhão e Vila Real de St.º António, e só depois de muitos protestos. Mas a população considera que serviram apenas para tapar buracos.
"Fizeram uns remendos mas não completaram o resto", conta um automobilista. "Ali em cima está uma miséria, a seguir ao aldeamento também, e a sorte é que não chove porque senão já não havia estrada", lamenta.
Depois de muitas reclamações das câmaras municipais e do Movimento de Cidadania dos Utentes da Estrada Nacional 125, a Infraestruturas de Portugal fez obras no valor de 1 milhão de euros. Desse dinheiro, meio milhão destinou-se a uma ponte que se encontrava em muito mau estado.
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Há anos que utentes esperam pela requalificação total
Lucinda Martelo, uma das porta-vozes deste movimento que leva à Assembleia da República a petição com cerca de 8 mil assinaturas, utiliza uma metáfora para explicar o que foi feito na EN125. "Quando temos uma dentadura completa de 28 dentes e estão todos estragados, se um é composto fica um bocadinho melhor. Mas será suficiente para comer?", pergunta. "Foi o que se passou aqui, fez-se umas obrinhas a disfarçar. A estrada continua com buracos e as bermas estão caóticas."
Depois de ter sido feita a requalificação da estrada na zona do barlavento algarvio, entre Lagos e Faro, ficou por realizar o restante.
Utentes como José Carlos Salgueiro veem a estrada quase igual, desde que se lembram. "Faço agora 48 anos e o pavimento que aqui está foi colocado quando eu era adolescente."
Pedro Alves, outra voz do movimento de utentes, explica que os milhares de assinaturas da petição são para honrar, e promete não desiludir as pessoas.
"Não vamos baixar os braços. Ainda este fim de semana houve três acidentes, um com uma vitima mortal. É isto que estamos a viver", conta.
Outro utente da estrada, António José Fernandes, considera que as obras feitas no verão, para tapar alguns buracos no pavimento e melhorar as bermas, só se efetuaram porque houve pressão por parte do movimento. Tem receio de que com a passagem de competências para as autarquias, a EN125 passe a ser responsabilidade das câmaras municipais. " E vai passar como está?", questiona.
Lucinda Martelo lembra que neste troço há muitos milhões em obras que não estão a ser realizadas mas que foram prometidas pelo Governo. "Quando se gasta um milhão em vez de 24 milhões, significa que fica a faltar muita obra", acrescenta. "É preciso que o senhor ministro das Finanças abra os cordões à bolsa", remata.
Seria um investimento numa estrada onde acontecem acidentes diários, muitos deles mortais.