Nove anos de vida. Em média, cada um passou com 18 casos atendidos. A Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas foi criada em 2007 e desde então dedica-se a prestar apoio a adultos e menores.
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No dia Internacional da Criança Desaparecida, a TSF falou com a presidente de um organismo que atua nos bastidores dos casos e vive quase do voluntariado.
A psicóloga de serviço dedica-se 100 por cento à causa. Tem especialidade em Psicologia Clínica, dá formação a recém-licenciados e desdobra-se em tarefas. Patrícia Cipriano, presidente da Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas, explica o trabalho desta profissional, "que se traduz em consultas, apoio telefónico e coordenação de relatórios que depois vão enviados para os tribunais e outras associações europeias congéneres".
A associação nasceu em 2007. É no campo psicológico que enfrenta os maiores desafios. Por um lado, os pais que ficam parados no tempo; por outro, as crianças que não podem ficar agarradas ao passado. "São crianças [que foram raptadas] que nos chegam com muitos traumas", que são difíceis de ultrapassar.
O gabinete jurídico, indica Patrícia Cipriano, é outro aconselhamento garantido pela Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas.
Ao longo de nove anos, a Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas apoiou 164 casos. Um dos mais marcantes foi o de uma criança de 13 anos que fugiu com um homem mais velho e foi abusada, a centenas de quilómetros de casa. "Houve muito trabalho a nível psicológico. Tivemos de ajudá-la a mudar de escola, porque toda a gente soube o que se passou e a criança ficou humilhada publicamente".
Pela experiência de Patrícia Cipriano, os casos de crianças desaparecidas, em Portugal, esbarram numa justiça morosa, complexa e com falta de meios. Por isso trabalho não falta à associação, que vive graças ao voluntariado de profissionais de diversas áreas, relacionadas com estas questões.