Quarenta e dois anos de concentração de motos de Faro: a última de José Amaro como presidente

Cabelos compridos, colete de cabedal, pronúncia bem algarvia. Quando se fala na concentração de motos de Faro há uma figura que é incontornável: o presidente do Moto Clube, José Amaro.

Há 42 anos no cargo, já brinca com a situação. "A nível nacional havia três gajos que andavam nestas coisas há uma data de anos: o Alberto João Jardim, o Pinto da Costa e eu", diz a rir. "O Alberto João Jardim já se foi embora, o Pinto da Costa também, mas deixou um monte de dívidas, eu vou embora, mas não deixo dívidas", garante.

Esta será provavelmente a última concentração como presidente do Moto Clube de Faro. No mês de novembro há eleições para os órgãos sociais e José Amaro garante que não vai apresentar qualquer lista. Considera que todo o trabalho feito nestes anos só foi possível com o empenho de todos: direção, sócios do clube e centenas de voluntários que todos os anos ajudam a pôr de pé uma concentração que já é uma referência a nível internacional.

Aos futuros dirigentes, José Amaro deixa um recado: não tornem o Motoclube e a Concentração de Faro uma via para ganhar dinheiro. "Isto não é uma empresa", afirma. Da receita feita nas concentrações (tiveram cerca de 300 mil euros de lucro), parte vai para obras de solidariedade. O motoclube tem ao longo dos anos comprado ambulâncias ou distribuído alimentos e roupa entre quem mais precisa.

Este ano o recinto onde os motards fazem campismo está mais pequeno, visto que o parque natural da Ria formosa deu parecer negativo. Um dos argumentos é o de que há dunas por perto, o que no entender do presidente desta organização não corresponde à verdade. Nesse sentido, o Motoclube de Faro pediu um parecer a biólogos sobre esta situação e esperam que no próximo ano a questão lhes seja favorável.

Na sua 42.ª edição a concentração de motas espera cerca de 20 mil inscritos, mas serão muitos mais aqueles que acorrerão ao recinto por estes dias para verem os vários espetáculos programados.

Há também um enorme dispositivo de segurança à volta desta iniciativa. No local há também um hospital de campanha com 42 médicos que se distribuem por vários turnos e 100 enfermeiros. Quase uma centena de bombeiros estarão também a fazer a vigilância do terreno no Vale das Almas para que não haja incêndios.

O presidente da câmara de Faro considera que esta organização, já faz parte da cidade e dinamiza toda a economia local durante quatro dias. "Aquela imagem que tínhamos há, se calhar, 40 anos dos filmes americanos e dos motociclistas, o Motoclube de Faro limpou essa imagem completamente e hoje é uma instituição de solidariedade social", garante.

O famoso desfile com os milhares de motards a percorrerem as ruas de Faro será no domingo de manhã. Talvez o último ano em que José Amaro abrirá o cortejo com a sua mota Triumph.