Quarenta trabalhadores a recibos verdes na Global Media vão parar "por tempo indeterminado"
Esta interrupção deve-se ao facto de ainda não terem recebido os pagamentos relativos a abril e maio
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Um grupo de 40 trabalhadores a recibos verdes em títulos da Global Media, a que a TSF pertence, anunciou esta terça-feira a suspensão da colaboração por tempo indeterminado por falta de pagamento, confirmou a Lusa junto do Sindicato dos Jornalistas (SJ). De acordo com fonte do sindicato, estes colaboradores não recebem salários há dois meses.
Segundo um e-mail enviado por estes colaboradores, a que a Lusa teve acesso, trata-se de "um grupo de cerca de 40 jornalistas, fotojornalistas e gráficos a recibos verdes que interrompeu hoje [esta terça-feira] a colaboração com o Jornal de Notícias, Notícias Magazine, O Jogo, Volta ao Mundo, TSF e Diário de Notícias, por tempo indeterminado".
Esta interrupção deve-se ao facto de ainda não terem recebido os pagamentos relativos a abril e maio, sem que a "administração da Global Media Group [GMG] tenha avançado com qualquer justificação para tal, ao longo destes meses, apesar das constantes tentativas de contacto e pedidos de esclarecimento".
Sofia Cristino é uma dessas trabalhadoras, que colabora com o Jornal de Notícias, e diz à TSF que a situação "está a tornar-se insustentável".
"O que nos disseram é que só farão esses pagamentos após concluído o negócio da venda do JN e outros títulos. Nós estamos cansados de várias promessas que não são concretizadas. Em junho, já nos tinham dito que nos iriam pagar após a autorização da Autoridade da Concorrência, que seria um dos passos decisivos para a realização do negócio e também não foi efetuado esse pagamento", explica ainda.
A correspondente do JN conta que muitos destes trabalhadores a recibo verde não estão "a conseguir cumprir com os compromissos que têm, desde pagamentos, como água, luz, comida até rendas e infantários dos filhos". E menciona: "O espírito é de muito desalento, gostamos muito do que fazemos. Acreditamos que pararmos terá um impacto significativo."
Os colaboradores também trabalharam em junho, mas este mês costuma ser liquidado em agosto, já que recebem dois meses depois.
"A decisão de parar de trabalhar foi comunicada à administração na última quinta-feira, dia 11 de julho, caso os valores em causa não fossem liquidados até ontem, dia 15, o que não sucedeu", referem os trabalhadores na missiva enviada.
"Esta situação afeta cerca de 130 jornalistas, fotojornalistas e gráficos a recibos verdes, que se sentem desrespeitados por não estarem a receber pelo trabalho realizado e indignados com o silêncio da administração", prosseguem, referindo que, "nos últimos meses, têm sido avançadas diversas datas para finalizar o negócio da venda do Jornal de Notícias, JN História, O Jogo, Volta ao Mundo, Notícias Magazine, Evasões, TSF, N-TV e Delas, sem que tal se tenha verificado".
Apontam que "foi preciso chegar a este ponto para a administração da Global Media reagir e responder aos pedidos de explicação individuais, pouco depois de terem recebido" o e-mail a comunicar a suspensão.
Mas, "apesar disso, nessas respostas individuais, faz depender o pagamento das dívidas para connosco da finalização do negócio com o novo grupo, Notícias Ilimitadas, quando sabemos que este já transferiu cerca de quatro milhões de euros, também com o objetivo de nos pagar, compromisso que os administradores da Global Media não têm cumprido", salientam.
"Estamos conscientes que a nossa paragem vai afetar o trabalho dos colegas da redação, dos editores e da direção, o que lamentamos, mas sentimos que não tínhamos alternativa, a não ser parar e alertar para a existência deste problema, que nos está a afetar financeira e psicologicamente", sublinham.
A esperança, referem, "é que os pagamentos em atraso sejam liquidados rapidamente" e que "o negócio com o grupo Notícias Ilimitadas seja concluído".
