Quase 10% das empresas prevê despedimentos até setembro. Metade desvaloriza PRR
Inquérito da CIP mostra que empresas que pensam despedir estimam redução de 21% dos quadros. 55% adivinham pouco ou nenhum impacto do Plano de Recuperação e Resiliência.
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Nove por cento das empresas prevê despedimentos nos próximos três meses, menos um ponto percentual do que em maio. A conclusão consta do inquérito mensal às empresas que a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) faz desde o início da pandemia.
As companhias que estimam uma redução dos recursos humanos apontam para uma queda média de 21% dos quadros.
78% das empresas pensa manter o número de trabalhadores, enquanto 13% vão mesmo aumentar a quantidade de colaboradores.
O 16º inquérito conclui também que 41% dos gestores antecipam uma diminuição das vendas nos próximos três meses, na comparação com o período homólogo pré-pandemia. Estas marcas acreditam que a quebra será de 34%.
Um terço das firmas adivinha uma manutenção do nível de negócio, enquanto 26% antecipa um aumento das vendas (que em média será de 22%).
55% das empresas vê pouco ou nenhum impacto do PRR na atividade
Trinta e um por cento das empresas consideram que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) terá um impacto "nada significativo" na respetiva atividade, e 24% entendem que o impacto será "pouco significativo".
Dez em cada cem acreditam num impacto "significativo" e 4% entendem que será "muito significativo".
O inquérito conclui também que dois terços das empresas não se candidatou a nenhum apoio público. E de entre estas, quase metade diz que não preenche as condições impostas pelo Estado. Perto de 40% dizem que não precisam
CIP lembra que noutros países os testes aos trabalhadores são dados pelo Estado
A CIP assume que as empresas terão de "fazer o sacrifício" de assumir a despesa pelos testes à Covid-19 que serão obrigatórios para companhias que no mesmo espaço reúnam 150 ou mais trabalhadores.
Questionado sobre a medida, o vice-presidente da CIP lembra que "lá fora estão, em muitos casos, a serem concedidos de forma gratuita" mas admite que "se tivermos de suportar esse custo a bem do objetivo de haver uma recuperação económica o mais rapidamente possível, teremos de fazer esse sacrifício". Armindo Monteiro acrescenta no entanto que "deveria haver regras uniformes da União Europeia, e não com esta particularidade portuguesa de colocarmos todos os custos nas empresas".