Portugal foi pioneiro num projeto de reaproveitamento dos plásticos usados designado "Better Plastics", que envolveu 52 empresas e que já permitiu desenvolver mais de 20 produtos, 19 materiais e tecnologias inovadoras e sustentáveis em 3 anos.
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O projeto "Better Plastics" representa um investimento total na ordem de 6,3 milhões de euros para para impulsionar a Economia Circular e foi promovido pela APIP- Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos junto ao sector, nos últimos 3 anos. Apresenta-se como uma iniciativa sustentada num ecossistema de inovação do setor dos plásticos, constituído por toda a sua cadeia de valor. Desde a indústria química, aos produtores de matérias-primas, às empresas de transformação, marcas próprias, retalhistas, empresas de reciclagem e entidades gestoras de resíduos, todos participaram, segundo os promotores, através do desenvolvimento de novos materiais, produtos e tecnologias que vêm responder aos desafios atuais e das futuras gerações.
Segundo, Bruno Pereira da Silva, Coordenador Científico do Projeto, " Better Plastics" os resultados são promissores, uma vez que nos últimos 3 anos foram desenvolvidos mais de 19 materiais sustentáveis, 20 produtos e tecnologias, 35 artigos científicos e 4 teses de mestrado e doutoramento, a qualificação de recursos para a industria e a participação em mais de 20 eventos nacionais e internacionais dedicados a esta temática."
Ao nível da Circularidade pelo Design de Material, foram desenvolvidas novas soluções para embalagens alimentares que incorporam reciclado e são recicláveis no seu fim de vida, assim como novos materiais biocompostáveis, alinhados com os ciclos de compostagem industrial, para sacos de embalar frutas e legumes, com a possibilidade de serem reutilizados para o acondicionamento de biorresíduos domésticos.
Na vertente da Circularidade pelo Design de Produto, foram desenvolvidas embalagens de uso alimentar, para o setor das bebidas e dos produtos lácteos, com menores quantidades de material e com incorporação de material reciclado, com características de reutilização e elevada reciclabilidade.
Foram também desenvolvidas embalagens para a indústria médico-farmacêutica e componentes para o setor rodoviário e automóvel, baseadas no eco-design e na incorporação de materiais reciclados e recicláveis no seu fim de vida.
Na área da Circularidade pela Reciclagem, foram desenvolvidas novas tecnologias de pré-tratamento para a redução de contaminantes orgânicos, tintas e odores, permitindo aumentar a qualidade dos plásticos reciclados obtidos por via da reciclagem mecânica, assim como novas soluções de materiais provenientes da reciclagem mecânica e química.
Por fim, ao nível das matérias-primas alternativas, foram desenvolvidos novos materiais biodegradáveis, baseados na valorização de resíduos alimentares e da biomassa, assim como a produção de fibra de carbono verde a partir de um precursor natural.
Graças à sua versatilidade e alta eficiência de recursos, o plástico tornou-se um material extremamente importante e omnipresente na economia e na vida quotidiana, permitindo ajudar a enfrentar uma série de desafios com que se depara a nossa sociedade.
No entanto, o setor reconhece a necessidade de repensar a forma como utilizamos e gerimos o plástico, assegurando que está comprometido na procura de soluções inovadoras que permitam aproveitar ao máximo os benefícios do plástico, ao mesmo tempo em que minimizamos seu impacto ambiental.
Recorde-se que, segundo a ONU, a população mundial deverá atingir os 9,8 bilhões em 2050. Seremos mais, viveremos mais tempo e necessitaremos de mais bens, pelo que o aumento do uso de recursos, incluindo o plástico, será inevitável.
De acordo com o investigador, o planeta Terra tem recursos finitos, pelo que a adoção de um modelo económico que promova a circularidade de recursos e a simbiose industrial será fundamental para vivermos de forma sustentável e sustentada e este projeto retende dar a sua contribuição concreta para um futuro mais sustentável e uma economia circular em Portugal.