Organização preparada para receber, este sábado, mais de quatro mil pessoas no festival gastronómico do rancho, que regressa ao mercado municipal depois de dois anos em modo take-away.
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Trinta restaurantes de Mirandela vão, este sábado, confecionar mais de quatro mil litros de rancho para um almoço ao ar livre, no mercado municipal da cidade transmontana, onde são esperadas milhares de pessoas para degustar esta iguaria típica mirandelense - que mistura grão-de-bico, carnes, batata, massa e presunto -, um prato que é tradição fazer parte das ementas de toda a restauração, todas as quintas-feiras, dia em que acontece a feira semanal.
Trata-se da sétima edição do festival gastronómico do rancho, que volta a ser de modo presencial, depois de dois anos consecutivos a ser em take-away devido à pandemia da Covid-19.
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Desde a semana passada, está a ser feita a pré-venda de kits que incluem uma malga, uma caneca, uma colher e senhas para levantar o pão e o vinho, no valor de sete euros, e que permite ter direito às doses que cada um entender, nos restaurantes à escolha. "O stock de perto de quatro mil kits está praticamente a esgotar, até porque temos assistido no período pós-pandemia, que há uma maior avidez das pessoas em participar nestes eventos, talvez pela saudade do convívio e pelo sucesso das edições anteriores, esperamos entre quatro a cinco mil pessoas", confia Vítor Correia, vereador do Município de Mirandela, que promove o festival em parceria com a Associação Comercial e Industrial.
Para além da promoção desta iguaria, o vereador entende que a iniciativa "também serve para promover o próprio território e os nossos produtos endógenos", adianta Vítor Correia, que acredita estar "para breve a criação de uma confraria do rancho".
Todas as quintas-feiras, bem cedinho, Noémia Lemos, proprietária e cozinheira do restaurante Batalhão, já anda de volta das panelas para perto do meio-dia, poder ter pronto o famoso rancho de Mirandela. "Começo a cozer a carne de vitela e o presunto nas panelas de pressão que utilizo na preparação do rancho. Só isto demora mais de uma hora. Tenho aqui a batata cortada aos cubos para depois utilizar, quando o grão estiver cozido, juntar com a massa e as carnes", conta.
Este é um ritual que acontece há mais de 20 anos. Noémia começou com cerca de dez litros de rancho, mas no verão, na altura em que os emigrantes vêm à terra Natal, "já não chegam 400 litros". A preparação do prato, que contém batatas, massa, grão-de-bico, carne de vitela e presunto, demora mais de três horas e meia. "Começo por volta das oito da manhã e lá para as onze e meia ou um quarto para o meio-dia está pronto a sair", diz.
E para este manjar há algum segredo? "Não tenho segredo nenhum. Não utilizo água do presunto, simplesmente a água do grão e da vitela e o azeite para fazer um estrugido que faço à parte com cebola e chouriço."
O preço também é convidativo No seu restaurante, Noémia cobra oito euros, independentemente da quantidade de rancho que os clientes degustarem. "Coloco uma terrina de inox cheia de rancho que fica no centro da mesa e o cliente come aquilo que lhe apetecer e paga sempre o mesmo", afirma.
O rancho do restaurante Batalhão, em Mirandela, está prontinho a sair diretamente da panela para o prato. E há outro pormenor: não se come com garfo e faca, mas antes com uma colher.