"Que o Governo nos trate com igualdade." PSP e GNR voltam aos protestos com vigílias nos aeroportos
As forças de segurança tem ainda agendados, para a próxima segunda-feira, uma concentração na Praça do Comércio, em Lisboa.
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Os agentes da PSP e os militares da GNR estão em vigília desde as seis da manhã desta quinta-feira nos aeroportos portugueses e no porto marítimo de Lisboa, exigindo melhores condições salariais. Sem faixas nem frases de protesto. Pormenores que distinguem esta vigília de uma manifestação tradicional.
Esta concentração anormal de agentes da PSP no aeroporto causa alguma estranheza a quem chega. Um passageiro francês chegou mesmo a questionar um dos polícias se estava à espera de alguma equipa de futebol, uma vez que esta tarde se joga o Benfica-Toulouse para a segunda mão do play-off da fase a eliminar da Liga Europa.
O dirigente da Associação Sindical dos Profissionais da Policia (ASP), Carlos Oliveira, explicou à TSF que escolheram os aeroportos como locais de protesto para esta vigília por serem locais de "grande visibilidade" e por ser daqui que os turistas saem satisfeitos por terem visitado um "país com segurança e com qualidade" apesar dos profissionais de segurança serem "destratados" pelo Governo.
"Hoje estão aqui mais uma vez porque perceberam que o primeiro-ministro deu essa mensagem clara de que já não vai resolver este problema durante esta legislatura e que vai ficar para o próximo Governo. Queremos dizer a quem nos visita que o país é seguro e os polícias fazem parte desta grandeza que o país oferece e querem dizer ao próximo Governo que nos trate com a mesma igualdade que tratou outros profissionais das forças de segurança", esclareceu Carlos Oliveira.
Até há pouco tempo, o normal funcionamento dos aeroportos por afetado por um número anormalmente elevado de polícias de baixa, mas agora a situação já está "estável".
"O sentimento que foi gerado e que criou muito descontentamento, desmotivação e desgaste psicológico aos profissionais da PSP foi exatamente quando tiveram conhecimento desta desigualdade que foi dada em relação a outras forças de segurança, nomeadamente o suplemento de risco, em que uns têm uma coisa e outros não têm rigorosamente nada. Têm tabelas remuneratórias justas e os profissionais da PSP continuam há anos a reivindicar uma tabela salarial justa. Isso foi, efetivamente, o culminar de insatisfação e desmotivação", justificou o dirigente da ASP.
Segunda-feira é dia de debate entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro e, por isso, de novo protesto. Para que os líderes do PS e do PSD não falem de "questiúnculas partidárias", mas sim dos "problemas dos portugueses".
"Dos polícias, professores e médicos. Todos estes trabalhadores que têm sido destratados pelo atual Governo e que, efetivamente, querem ser reconhecidos por aquilo que fazem", acrescentou.
Os elementos das forças de segurança estão há semanas em protestos numa iniciativa de um agente da PSP em frente à Assembleia da República, em Lisboa, que depois se alargou a todo o país. Em causa está a luta por um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária.
Em declarações aos jornalistas, o presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia, Bruno Pereira, insistiu na ideia de todas as forças de segurança serem tratados de forma igual e admitiu colocar em cima da mesa o pagamento do suplemento de missão em retroativos.
Nos últimos dias vários polícias e militares apresentaram baixas, o que levou ao cancelamento de jogos da I e II liga de futebol, apesar de a plataforma não assumir que sejam uma forma de protesto, tendo o ministro da Administração Interna determinado a abertura de um inquérito urgente à Inspeção Geral da Administração Interna sobre estas súbitas baixas.
Para esta quarta-feira estava convocada uma reunião pelo MAI com as estruturas sindicais, mas acabou por ser anulada por recusa dos sindicatos da PSP e das associações da GNR em participarem no encontro.
Além da vigília desta quinta-feira, a plataforma, que congrega sete sindicatos da PSP e quatro associações da GNR, tem ainda agendados, para a próxima segunda-feira, uma concentração na Praça do Comércio, em Lisboa, e, para o dia 2 de março, um encontro nacional de polícias da PSP e militares da GNR.
