O comandante Paulo Santos sublinha, em declarações à TSF, que o vento é a causa de maior preocupação, renovando, por isso, o apelo a uma condução defensiva.
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A Proteção Civil registou esta quinta-feira, entre as 00h00 e as 13h00, mais de 700 ocorrências, relacionadas com a depressão Ciarán, que está a atravessar o país, sendo que a região Norte é a mais afetada.
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"A região Norte é aquela que está a ser mais afetada, que inclui o Alto Minho, a área Metropolitana do Porto, a área do Tâmega e Sousa e Trás-os-Montes. Já temos 390 ocorrências desde as 00h00 até às 13h00 de hoje [quinta-feira], relacionadas com meteorologia adversa, num total de 708 ocorrências em todo o país. Aqui a região Norte foi responsável por mais de 50% destas ocorrências", avançou o comandante Paulo Santos, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em declarações aos jornalistas.
Até ao momento, não há registo de feridos, nem desalojados, nem outros danos significativos em estruturas, mas a chuva e o vento fortes têm dado que fazer aos bombeiros.
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"Quedas de árvores e queda de estruturas são as ocorrências que têm motivado o maior número de acionamentos, são 302 quedas de árvore, mais 62 quedas de estruturas. É a região norte que está a ter um maior impacto nesta situação, seguindo-se depois a região do Centro, a região de Coimbra, Aveiro, Leiria, com um número de 181 ocorrências neste período", adiantou.
Para as próximas horas, o comandante Paulo Santos sublinha que o vento é a causa de maior preocupação, renovando, por isso, o apelo a uma condução defensiva, devido às estradas escorregadias.
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"Uma vez que houve muita precipitação nos últimos dias, os solos estão saturados, portanto, as árvores começam a ter menos resistência a estes efeitos do vento forte, assim como estruturas, que nos últimos dias, também motivadas pelo vento forte, têm sofrido alguns impactos, acabam por ceder", explica, acrescentando que a população deve "evitar a circulação em zonas muito arborizadas, evitar estacionar junto de árvores que apresentem sinais de poder vir a cair na via, e circular com precaução, uma vez que, com o piso escorregadio, devemos adotar uma condução defensiva, salvaguardando a distância para o veículo da frente e não atravessar lençóis de água porque podem ocultar algum objeto e provocar o despiste do veículo".
Este início de outono tem sido marcado por várias intempéries, com o país a atravessar a quinta tempestade em duas semanas. Miguel Miranda, meteorologista e ex-presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, explica que estas condições do tempo são normais, apontando, contudo, que o problema está relacionado com a velocidade do vento e aumento da temperatura da água do mar.
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"Nestas alturas do ano, é vulgar haver uma sucessão de depressões cavadas, que atingem a Península Ibérica e a norte até à Irlanda. Os valores da velocidade de vento são muito elevados. Como falamos de uma velocidade de rajada de 200 km/h, estamos a falar de uma situação que tem um enorme impacto nas construções e na vida das pessoas e, portanto, não sabemos como é que vai ser o inverno", explica Miguel Miranda, em declarações à TSF.
O meteorologista refere, ainda, que as alterações do clima, em particular o aumento da temperatura do oceano, "colocam mais energias disponíveis para fenómenos extremos da atmosfera".
"Portugal fica mais exposto e esta questão da temperatura do oceano não pode ser vista de uma forma ligeira e leviana, no sentido de 'ai que bom, porque assim a praia fica mais simpática', tem de servir de uma forma física e, quanto mais energia nós pusermos disponível na superfície do oceano, mais energéticos vão ser os acontecimentos atmosféricos", conclui.
Portugal continental está esta quinta-feira a sentir os efeitos da depressão Ciarán, com vento por vezes forte, agitação marítima e precipitação, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Para esta quinta-feira está previsto "um aumento da intensidade do vento, que soprará forte no litoral das regiões norte e centro, com rajadas até 90 km/h, e nas terras altas, com rajadas até 110 km/h", podendo até superar aquele valor nos pontos mais altos da Serra da Estrela.
Por isso, o IPMA emitiu aviso amarelo de vento forte para esta quinta-feira nos distritos de Viseu, Bragança, Porto, Guarda, Vila Real, Santarém, Viana do Castelo, Lisboa, Leiria, Castelo Branco, Aveiro, Coimbra e Braga.
Devido ao temporal, o IPMA colocou sete distritos de Portugal continental esta quinta e sexta-feira sob aviso vermelho devido à previsão de agitação marítima forte.
Porto, Viana do Castelo, Lisboa, Leiria, Aveiro, Coimbra e Braga vão estar sob aviso vermelho entre as 09h00 desta quinta-feira e as 15h00 de sexta-feira, devido à previsão de "ondas de noroeste com altura significativa 7 a 8 metros, podendo atingir a altura máxima de 14/15 metros".
Faro, Setúbal e Beja vão estar sob aviso laranja, entre as 15h00 desta quinta-feira até às 00h00 de sábado, também devido à previsão de agitação marítima forte, ainda de acordo com a nota do IPMA.